A morte do ator Domingos Montagner, o Santo, de Velho Chico (Globo) deixa meu coração apertado.
Acompanho a novela pelo enredo que envolve questões familiares, especificamente o fato de quando ele descobre que é pai de Miguel (Gabriel Leone) - já com seus 20 e tantos anos. Depois fica sabendo que Olívia (Giullia Buscacio) não é sua filha. Outra reviravolta na vida.
A atuação da atriz Selma Egrei, no papel de Dona Encarnação também me comove pois (já nos capítulos adiantes) com seus trejeitos expõe uma matriarca solitária e sofrida.
O que tenho com isso: conheci meu pai por volta de 13 anos (em Iporã, Paraná) por duas vezes na forte geada de 1975. Mas segui a vida.. talvez muito veloz e deixei tudo para trás na minha inesquecível Umuarama, no Paraná.
Trabalhei, casei-me com Marcia, mudei-me ainda muito jovem para Mato Grosso (recém feito 20 anos, Márcia com 18 fomos desbravar Alta Floresta e depois Apiacás em 1983). De meu pai sei seu nome, sobrenome e meus possíveis irmãos.
Os capítulos que envolviam os dois personagens (Santo e Miguel) me remetiam a situação que passei. E, nesse meio, entra minha mãe Anísia. Com sua dor e uma história incrível de mulher guerreira e vitoriosa - agora já no céu.
Os dois únicos contatos que tive com meu pai foram bons. Rápidos mas cordiais 'articulados' pelo professor Clovis e seu amigo Rogério. Também tinha um amigo chamado Pedro, que morava na rua de trás da prefeitura de Iporã.
Tenho escritos a respeito e deixarei para meus filhos e netos.
Os olhares entre Santo e Miguel mexiam comigo. E vão mexer mais ainda. A última informação que tive sobre meu pai é de que teria falecido em Bauru (SP).
Não refiz o caminho. Ora por falta de tempo. Ora por falta de não sei o quê... Nos idos de 1980 escrevi uns 12 capítulos no jornal Umuarama Ilustrado com o título "O Pai que Não Morreu" - que estão arquivados. Um dia sai do forno.
Outra novela é Pai Herói, de Janete Clair - que passou justamente naquele meu período confuso.
Por isso às vezes transcrevo (e digo a mim mesmo) um texto de Clarice Lispector: Não compare a sua vida com a dos outros. Você não sabe como foi o caminho que eles tiveram que trilhar na vida.
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