Preciso de um cinzeiro mais que um cigarro. Me colocar em cinzas. Nem renascer quero.
Mais de um lenço do que a mão que o estende. Um lençol, deitar de bruços para não me afogar nelas.
Lágrimas.
E outro para me cobrir. Da vergonha do choro - que não me vejam chorar!
Preciso mais das letras que das melodias, só preciso lê-las. Ninguém precisa dizê-las, cantá-las, meus olhos entenderão as escritas e meu peito ouvirá a canção.
Preciso do copo mesmo vazio, a sede é tanta que o terá cheio. Já sei o sabor. Cheio ou vazio nunca sacia mesmo, já aprendi.
A sede é tanta!
Preciso de janelas e portas abertas, se fugir não será mais do que por poucas horas. A não ser que for melhor alimentado, e na boca.
Não sei me alimentar sozinho.
E preciso do ar das narinas mais do que o toque dos lábios, para me ressuscitar, como coisa de salva-vidas, me trazendo de volta em um filme anos 60 na sessão da tarde anos 80.
Só o ar... só o ar... aquele flutuar.
Preciso de sonhos mais do que dormir, quem dera sonhar as 6 da tarde.
Sem planos. Pousar nos sonhos dos outros como em campos num aeroplano.
E perguntar: e vc, do que precisa?