Muito mais tarde viriam filhos gerados in vitro, em provetas, em inseminações gélidas com gélidos instrumentos, filhos gerados em outros ventres para serem entregues a outros colos, ventres, mães e amores alugados.
Mas isso tudo muito mais tarde.
Naquele dia imagino como foi:
Normal, tudo normal.
Ela saindo as pressas de sua casinha simples, com seu ainda jovem e cuidadoso amado preocupado em levar junto suas bolsas com suas coisas.
Vida simples, poucas bolsas.
E a bolsa prestes a romper.
Outras três crianças na casinha, sogra, cunhadas, irmãs... alguém lhes cuidaria.
Como disse, era tudo normal, o amor era normal.
Em noite boa, simples ato, simples médico, provavelmente de nome simples, Raul, sei lá, simples dor, simples choro de neném, simples sorrisos de mãe e pai pela quarta vez, simples luz, simples dar a luz.
Muito mais tarde tudo viria a ser mais complicado e engenhoso.
Naquele tempo, ela me pegou no colo, amamentou, sorriu, ficou imensamente feliz, olhou para seu amado e viu um homem também imensamente feliz.
Ele pegou as bolsas.
E ela, cheia de amor, me pegou no colo, me levou de volta para sua casinha e me mostrou para seus outros 3 filhos.
Penso que foi assim, mãe querida.
Feliz Dia das Mães ai no Céu