É madrugada e dormes. Longe
E não durmo. Velo teu sono.
À distância. De longe.
Com o que presentear-te pela manhã?
Carinhos não posso, a distância impossibilita.
Rosas, adornos, frutas raras, geléias e pães fresquinhos também não.
Darei minhas palavras.
Leia! Como se falasse em teus ouvidos em teu sono.
Enquanto longe dormes meu medo não deixa que eu durma.
Tenho medo.
Que nunca mais acordes.
Que morras. Ai, dor!
Num espasmo cardíaco noturno, sem minhas massagens em seu peito, seus seios.
Numa apinéia sem minha boca em respiração com a sua.
Não durmo enquanto dormes. Velo teu sono.
Saia do sono, sonho, amor.
Princesa em sono sem maçãs.
Meu pesadelo é que tenhas pesadelos.
E sofras.
Acorde, amor, acorde. Respire.
Dormes, insatisfeita. Quiçá pela minha ausência.
Nao durmo, insatisfeito. Sim, certo que pela sua ausência.
Mas irás despertar. Eu peço muito sempre pelo seu despertar.
E darás um sorriso.
Como sempre.
E então? ??
Com o que te presentear pela manhã
Em agradecimento pelo seu sempre despertar?
O que dar a Deus pela sua vida?
Sacrificar mansos cordeiros?
Ou sacrificar-me como o manso na cruz?
(em Cáceres - MT), 27/09/14. 15' oD