A Luna é muito triste. Luna nasceu não sabe de que pais, nunca viu, nunca soube, nunca sentiu... os prazeres de tê-los tido.
Só mal e mal sabe que nasceu, e que sobreviveu, que sobrevive.
E Luna é triste. Muito triste.
Seus olhos não brilham, são opacos, de triste que Luna é.
Ela não sabe se porque é preta, foi abandonada.
Ela não sabe disso, ela nem conhece cores.
Morou nas ruas a vida toda, pra ela era tão normal...
Tão normal ser agredida, procurar e lutar por comida, tão normal sofrer na triste vida, triste Luna.
Moradora de rua, nem sabia ter nome. Qualquer chamado servia, desde que junto com migalhas de comida.
Nem que apanhasse, Luna ia. Comida, ela não resistia.
E como apanhava...
Não entendia os motivos, só apanhava, e retornava... se lhe dessem comida.
Luna é muito triste. Não sorri. Nem agora que conheceu o amor, nem assim, consegue sorrir.
A tristeza foi tamanha e por tamanho tempo, que ela não consegue ainda, sorrir.
Luna saiu das ruas. Foi resgatada e agora, enfim, é amada.
Luna tem mãe. E tem nome. E até sobrenome tem, é Gabriela. Luna Gabriela.
Mas ainda é triste.
Assustada, ressabiada, revoltada, amargurada, Luna sofre mesmo rodeada de amor.
Sei lá...
Deve ser porque as marcas que traz consigo de dor só, amor algum apagará, por maior que seja.
Mas aos poucos, diminuirão. E os olhos novamente brilharão.
É só o que sua mãe quer: vê-los sem medo.
Luna Gabriela ainda é triste, mas não mais será pra sempre.
Ainda sorrirá!