Cuiabá | MT 28/03/2024
Gabriel Novis Neves
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Sábado, 25 de julho de 2015, 11h57

Imitar

Um antigo ditado popular que ouvi muito na minha infância era responder com um "não sei, não vi, não ouvi, não levo ninguém para a cadeia".

Quando algum segredo era revelado a uma pessoa de extrema confiança, logo os curiosos e bisbilhoteiros da vida alheia procuravam o detentor da confissão da verdade para saber detalhes sobre o acontecido.

A resposta era invariavelmente aquelas palavras que se consagraram em ditado popular.

Durante muito tempo isso parecia perdido no tempo. Para minha surpresa não é que ressurgiu com toda força nos tempos atuais?

Começou no escândalo do "mensalão" e agora no descalabro do "lava-jato".

Milhões de reais foram desviados dos cofres públicos em uma complexa operação envolvendo agentes públicos, políticos e empresários de firmas de grande porte.

Quando descoberta a falcatrua, ninguém viu, ouviu dizer e nada sabe.

Os acusados juram de pés juntos inocência. O certo é que o dinheiro sumiu das outrora respeitadas estatais e as mesmas entraram em estado de alerta máximo para não fecharem as suas portas.

Empresários poderosos presos aprenderam a lição de não esconder a verdade para a justiça, com as penas impostas aos operadores do mensalão.

Resolveram, então, pedir a delação premiada, que consiste em informar com precisão todos os meandros utilizados para a ação criminosa.

Se corretos, ajudando a justiça a desvendar as fraudes, terão suas condenações suavizadas.

Tudo que é confessado à Justiça Federal em segredo, de repente, como num passe de mágica, é divulgado pela grande imprensa. São relatos impressionantes sobre o profissionalismo na arte de roubar.

São executadas manobras contábeis, bancárias e jurídicas complicadíssimas para esconder o produto do assalto aos cofres públicos, transformando dinheiro podre em bom. É a famosa lavagem, tão em moda atualmente.

Como o crime nunca é perfeito, aliado ao uso de tecnologias de ponta pelos investigadores, foi possível desvendar todo o mistério dos crimes contra o Tesouro Nacional que abalaram e continuam abalando este país.

Agora, a luta é jurídica para encerrar o rumoroso caso apelidado de "lava-jato", corrupção jamais vista em nossa nação.

Mais uma vez é o presente imitando com perfeição o passado no seu ditado popular. 

Gabriel Novis Neves é mèdico em Cuiabá e ex-reitor da UFMT
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