Cuiabá | MT 16/04/2024
Margareth Botelho
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Domingo, 27 de julho de 2014, 20h41

Políticos e redes sociais

Políticos do bem e políticos do mal terão tantas incoerências publicadas que sei lá. Fico pensando no potencial dessa interferência?

Nem bem começou a campanha eleitoral e os principais candidatos ao governo de Mato Grosso como Lúdio Cabral (PT), Pedro Taques (PDT), José Riva (PSD) já foram vítimas do que se denomina por guerrilha na rede (internet).

O que parecia ser uma grande sacada como ferramenta para o marketing político virou pesadelo na disputa de 2014.

Se a tecnologia coloca os políticos a um clique da opinião pública, em igual velocidade eles ficam expostos à antipropaganda virtual, que não faz inveja aos mais sórdidos panfletos apócrifos, produzidos nos tempos em que bastavam juntar papel e tinta e fabricava-se o melhor - ou o pior deles.

Quem esperava usar e abusar das mídias sociais sem grandes preocupações, literalmente, dançou. "Se a tecnologia coloca os políticos a um clique da opinião pública, em igual velocidade eles ficam expostos à antipropaganda virtual, que não faz inveja aos mais sórdidos panfletos apócrifos"

A internet, um gigantesco espaço democrático, permite que qualquer pessoa publique o que considerar interessante.

Se ela vê algo diferente, foto e texto ganham o mundo através do Instagran, Twitter, Facebook, Tumbir ou Watsapp, entre outros aplicativos.

A verdade - não questionada - cai na rede como informação reconhecidamente importante. E até se provar ‘que chuchu não é banana‘ lá se foram zilhões de cliques.

A Copa do Mundo acabou representando degustação de posts. Nada e ninguém escapou.

Conteúdos construídos com inteligência e irreverência às máximas do achincalhe e do linchamento moral.

A experiência com o evento de futebol e os inúmeros posts da glória à decadência da Seleção Brasileira, como prévia, deixaram claro que fazer política em rede social não será nada fácil.

Não se trata de recorrer a modelos e formatos, porque o personagem principal é o internauta.

Alguém sabe, alguém entende quem é ou o que pensam as pessoas que passam dia e noite conectados? Enquanto o marketing se encarrega de maquiar a imagem do político, a mídia social parece fadada ao esculacho. E é preocupante? Digo que bastante.

Não vamos esquecer como exemplo o linchamento da dona de casa do Guarujá (SP), confundida com uma espécie de ‘bruxa‘ postada na internet.

Acredito que mesmo com as regras definidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nem justiça e nem comitês de campanha estejam preparados para enfrentar o que se apresenta como um megadesafio.

A contar pela condução das eleições de 2012, bem inferior em volume de cargos e candidatos em relação a deste ano, como nem eu, meu companheiro e filho dispomos do adereço estético, tomo a liberdade de colocar a barba do meu irmão de molho.

O internauta do agora, pressionado, vê e lê tudo o que surge pela frente, sem qualquer condição de análise ou crítica. Instantaneamente reproduz para o amigo, colega de trabalho ou familiar.

Pronto e tome estrago!

Em 1996, o físico espanhol Alfons Cornella reuniu as palavras informação e intoxicação, criando o neologismo ‘infoxicação‘.

Um vírus de computador que, segundo ele, se propaga em sites, blogs, e-mails, Face e outras redes.

Cornella naquele ano não tinha dúvida sobre a iminente epidemia que faria milhões de vítimas entre os navegadores de plantão. A infoxicação acomete a pessoa quando ‘ela recebe mais informação do que é capaz de processar‘.

Desinformação e mentira são tão frequentes nas redes sociais quanto fatos. Como diferenciar realidade e fantasia em meio a montagens sensacionais, onde lobo mau num piscar de olhos assume a forma de chapeuzinho vermelho e a vovozinha que se dane?

Bom lembrar que ‘infoxicados não têm memória. Nem vida além do mundo virtual, garante o espanhol. A arma que dispara falsidades vale no contra-ataque.

Ainda que as correções sejam postadas de imediato, uma enxurrada de outros conteúdos multiplicam-se para confundir.

Políticos do bem e políticos do mal terão tantas incoerências publicadas que sei lá. Fico pensando no potencial dessa interferência?

O Brasil possui 110 milhões de pessoas plugadas na net, pouco mais de 50% da população.

Não arrisco mensurar a capacidade de influência na hora do voto desta máquina poderosa chamada internet.

Margareth Botelho é jornalista em Cuiabá. mbotelho.jor@hotmail.com
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