Sexta, 27 de março de 2015, 11h59

Homicídio qualificado. E só!

Ex-secretário de Infraestrutura que licitou as compras do 'Escândalo dos Maquinários', Vilceu Marchetti foi citado esta semana em depoimento à Justiça. Segundo Pérsio Briante, empresário que denunciou o esquema, Marchetti cobrava 10% de propina para fechar os contratos, falava 'em nome de Blairo', e os valores 'arrecadados' seriam utilizados na campanha de 2010, pleito em que Maggi foi eleito senador e Silval governador.

Já o ex-secretário de Fazenda e ex-presidente do MT Fomento daquela gestão, Eder Moraes, deu declarações à imprensa neste início de 2015 dizendo que ele 'apenas assinava' o que vinha da Secretaria de Infraestrutura, repassando a Marchetti a responsabilidade tanto pela aquisição superfaturada dos maquinários quanto pela liquidação de empréstimos de construtoras pelo Estado via mutretas com precatórios no BicBanco.

Ex-prefeito de Primavera do Leste, Marchetti foi assassinado na cama com 3 tiros em meados do ano passado, na fazenda de um terceiro onde criava gado. O responsável pelos disparos, o caseiro da fazenda, havia chegado em MT havia 15 dias e supostamente não sabia quem era a vítima, que naquele momento estava no olho do furacão do maior escândalo da era Maggi e, ao que tudo indica, estava morando na fazenda para fugir do assédio da imprensa.

Preso pela polícia na mesma noite, o caseiro assumiu ter jogado a arma sem numeração em uma lagoa e prontamente confessou o crime. Segundo ele, a vítima havia apalpado a bunda de sua esposa de 37 anos, versão que o delegado responsável deu como definitiva à imprensa já no dia seguinte e que norteou todo o inquérito. Por 'coincidência', Marchetti já havia respondido a acusações de estupro e era um notório tarado.

Primeira voz de peso a questionar a 'versão oficial' de crime passional, o promotor de Santo Antônio do Leverger mandou reabrir o caso em dezembro pois, apesar da confissão, haviam inconsistências no inquérito - como a ausência de laudo pericial - e porque o contexto da vítima exigia um exame mais minucioso; sem dizer claramente, talvez ele mesmo tivesse dúvidas se o rompante de ciúme não seria uma queima de arquivo.

Notícias na internet falam de uma denúncia, cujo recebimento foi confirmado pelo delegado que inicialmente dirigiu as investigações, de que a esposa do caseiro havia recebido uma casa de 'presente' após chegar em MT, mas não há qualquer outra informação sobre esse 'detalhe'. O MP acabou por oferecer denuncia, julgada procedente há algumas semanas, para que o assassino seja julgado pelo Júri popular.

Não por crime passional, mas por homicídio qualificado, pois foi premeditado. E só.