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Rui Perdigão
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Sexta, 26 de maio de 2017, 15h55

Abre-te sésamo

De repente, no momento que fazia uma refeição em casa e acompanhava o noticiário televisivo, tudo congelou em meu redor. O meu corpo paralisou, deixando-me de boca aberta. Se estava a elaborar algum pensamento, não me perguntem qual, pois de imediato tudo se apagou para abrir espaço ao cérebro processar toda e qualquer informação que ajudasse a identificar a razão de tamanha reação. Com o queixo completamente caído, consegui elaborar um primeiro pensamento, ou melhor, articular um pedido de socorro há minha televisão, que foi: repitam, por favor. Felizmente que a resposta foi pronta e positiva, pois permitiu-me ouvir alguém falar num palácio em Brasília, sobre a perseguição que o sistema judiciário estava a fazer a integrantes de organizações criminosas e dos possíveis desenvolvimentos daí decorrentes. E foi nesse contexto que foram proferias/repetidas aquelas palavras imensas que me lançaram para o vácuo: se o governo cair a equipe econômica continua.

Reconheço ter admitido inicialmente tratar-se de um devaneio, de um despreparo, talvez até mesmo a expressão minimalista de um profundo desespero pela possibilidade de não mais se conseguir entregar o serviço contrato no exterior. Mas essas eventualidades rápidas se esvaneceram dando lugar a uma interpretação mais consentânea com a realidade histórica e atual, a qual aponta numa direção clara, a intenção de introduzir no centro do furação, para espalhar ao vento, um cenário há muito sonhado por muitos. A implantação de um modelo de organização da sociedade em que as questões econômicas e financeiras não mais necessitam de uma visão ou decisão política referendável. O empreendedorismo redutor da oportunidade em situação de crise e a profusão da opacidade processual e intelectual reforçaram em mim esse entendimento, assim como aquelas palavrinhas suscitaram um vislumbre do sistemático esforço dissuasor de questionamentos sobre as sub-reptícias barganhas que consubstanciam e certificam a reiterada acumulação da ganância. Por estranho que possa parecer, essas perolas falsas são um presente envenenado que me inquieta e sem saber até hoje quem são os profetas dessas palavras da salvação, fico registrando a partilha da sua responsabilidade com pivôs e comentadores, assíduos consumidores do cafezinho planalto que, acoberto de uma isenção parcial, vão recorrentemente dando corpo a formulações sociopolíticas sem direito a contraditório ou de amplo espaço alternativo. E assim tudo vai sendo apresentado como lógico e coerente, num senso comum superiormente instituído e albardado nos comuns dos mortais.

Independentemente de acreditar muitíssimo mais em projetos e processos do que em pessoas, elas obviamente não podem ser negligenciadas, como vilmente o são nas propostas de boicote às empresas propriedade de bandidos. Não consigo desprezar que um possível fecho desses locais de trabalho resultaria unicamente no aumento do sofrimento de milhares e milhares de famílias que delas dependem a troco de míseros salários mínimos. Querem intervir com essas empresas? Nacionalizem-nas e assegurem o seu correto funcionamento. No entanto, caso essa solução assuste muito o conservadorismo do hegemônico modelo capitalismo que a voragem dos tempos inevitavelmente tragará, transforme-se o medo em coragem e avance-se para algo mais inovador. Desenvolva-se uma PPL – Parceria Pública Laboral onde uma administração judicial temporária procede há execução do patrimônio ilicitamente edificação, transfere a propriedade para a labuta e celebra a manutenção das condições e volumes de investimento BNDS durante o período de transição. E para tanto basta querer e legislar em conformidade.

Mesmo configurando-se medidas insignificantes, seriam um bom sinal da vontade em começar a emendar o maior roubo que se faz há humanidade e permitiria ao Brasil se tornar efetivamente um gigante com força suficiente para abrir uma janela para mundo novo.

Rui Perdigão - Administrador, consultor e Presidente da Associação Cultural Portugueses de Mato Grosso.
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