Canais no YouTube dedicados à educação científica e tecnológica já aglutinam no Brasil comunidades com milhares de participantes. Podcasts sobre temas de ciência e tecnologia são mídias em forte ascensão. E até perfis no Facebook e no Instagram, cujas arquiteturas parecem menos adequadas para esse tipo de atividade, têm sido utilizados com sucesso por educadores da área.
. |
Como coadjuvantes da educação formal, em sala de aula, as redes sociais podem ser fundamentais para a popularização do conhecimento científico no país. Foi o que concluíram os participantes do quarto episódio do programa Ciência Aberta de 2019, lançado nesta quarta-feira (12/06).
Participaram dos debates Germana Fernandes Barata, professora no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Atila Iamarino, biólogo e um dos fundadores da rede ScienceBlogs Brasil e do canalNerdologia, que tem mais de 2 milhões de seguidores no YouTube; e Altay Lino de Souza, pesquisador no Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e um dos criadores do podcast Naruhodo!.
Para Iamarino, a ciência brasileira perde por ainda utilizar pouco as redes sociais. E a participação nelas deveria ser estimulada. “Nesses espaços, quem tem audiência é quem fala mais e melhor com o público, independentemente da reputação. O cientista, por sua vez, apesar da boa reputação, não tem incentivo para comunicar o que faz”.
“Um profissional que consegue conduzir uma boa pesquisa e produzir um artigo científico com relevância, com dados bem coletados, tem de ser valorizado. Do mesmo jeito, deve-se valorizar quem quer divulgar”, disse Souza.
Durante o episódio do Ciência Aberta, os três especialistas deram dicas de como pesquisadores podem melhorar sua comunicação nas redes sociais – por exemplo, usando analogias para explicar conceitos complexos. Isto, sem perder de vista a “precisão” que deve caracterizar o trabalho científico.
Em pesquisa realizada durante estágio de pós-doutorado na Simon Fraser University, no Canadá, Germana Barata concluiu que o Instagram é a rede social mais amigável para mulheres e minorias naquele país, com bastante apelo para temas relacionados à saúde.
“Está na hora de assumir que as redes sociais são absolutamente estratégicas hoje e que isso também deve fazer parte do nosso trabalho como pesquisadores. É preciso haver investimento para que possamos fazer de forma bem-feita”, disse Germana Barata.
O episódio de Ciência Aberta teve a participação de alunos da Escola Estadual Manuel Ciridião Buarque, da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e de interessados que se inscreveram para participar do programa.