Os problemas na saúde pública em Mato Grosso ultrapassam os discursos de políticos e é incorporado pela população. Muitos municípios passam por problemas há meses e nessa semana a "bomba" estourou, como o caso de Sinop onde prefeitos de cinco cidades que formam o Consórcio do Vale do Teles Pires (Marcelândia, União do Sul, Tabaporã, Sorriso e Sinop) fizeram uma manifestação que fechou as ruas para cobrarem repasses.
Tampinha: repasse de R$ 86 milhões serão destinados para o pagamento de dívidas do Estado. |
Em Santa Terezinha a população está fazendo uma "vaquinha" para comprar medicamentos, soro e até mesmo algodão e copos descartáveis porque não há recursos, além disso os profissionais não têm recebido e há enormes dificuldades no transporte de pacientes.
Em Confresa as lideranças municipais se juntaram para escrever uma carta de repúdio ao governador Pedro Taques devido aos R$ 4 milhões em atraso.
O hospital da Nortelândia, único da região que fazia partos, foi fechado e está com dívidas de mais de seis meses de atraso de repasses. Isso sem contar os problemas dos hospitais filantrópicos que passam por dificuldades há meses e as inúmeras instituições fechadas, paralisadas, como a UTI pediátrica da Santa Casa de Rondonópolis, ou com atendimento apenas de emergência.
O médico José Augusto Curvo ( conhecido como dr. Tampinha), assessor especial adjunto do Ministério de Ciência, Tecnologia e Comunicação, classifica como descaso do Governo do Estado com a Saúde, denunciando que "o Ministério da Saúde tem repassado em dia os valores, mas Mato Grosso está com dívidas enormes. Isso reflete no atendimento dos hospitais, que não têm conseguido cumprir seu papel junto à população, já que muitos estão fechados ou sem receber novos pacientes, fora as UTIs que não funcionam e as cirurgias urgentes deixadas em espera, o que é inaceitável", afirma.
Desvio de função
Suplente de deputado federal, Tampinha ressalta ter sido contra o repasse de R$ 86 milhões da emenda da bancada federal para os equipamentos do novo Pronto Socorro de Cuiabá serem destinados para o pagamento de dívidas do Estado, apontando que tal situação ficou acordada ontem (07) entre o governador e o prefeito Emanuel Pinheiro.
"O combinado é que o Governo irá firmar um convênio posterior com a prefeitura para que o PS receba os equipamentos, mas como isso será possível se o valor de débitos é mais de três vezes maior do que a quantia que será recebida por essa emenda e o hospital vai precisar de mais de R$ 150 milhões? A quantia irá ajudar, mas isso é apenas tapar um pedaço do buraco que logo volta a crescer", alerta.
Segundo Tampinha, a situação está tão caótica que o Estado nunca viu algo dessa magnitude. "Até o PSDB, partido do governador Pedro Taques, está insatisfeito com a situação em que ele colocou Mato Grosso e as relações estão estremecidas. Não sou contra o Pró-Estrada, projeto que irá construir mais de 4 mil quilômetros de estradas pavimentadas, mas o momento é o de priorizar vidas. Saúde é algo muito sério e a população precisa de respeito quando o assunto é esse. Se colocarmos a Saúde como prioridade, podemos começar a mudar", finaliza.