Em 16 de abril de 2016, a província litorânea de Manabí, no Equador, era atingida pelo terremoto mais devastador dos últimos 70 anos do país. A catástrofe matou pouco mais de 660 pessoas e deixou 80 mil cidadãos sem casa e sem recursos para sobreviver. Produtores de alimentos apoiados pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) estiveram na linha de frente da resposta à crise humanitária.
Fazendeiros e trabalhadores do Programa Rural “Bem Viver” — promovido pelo governo equatoriano e financiado pela agência da ONU — se articularam para levar alimentos e água às populações mais isoladas. Camponeses também ajudaram a limpar as estradas e garantir que comboios de emergência levassem suprimentos a comunidades isoladas.
Entre os voluntários, estava Manuel Reyes, morador de Manabí que trabalha com processamento de peixe e é chefe de uma cooperativa de pesca artesanal.
“Depois do terremoto, tudo estava destruído”, lembra o produtor. “Nós não apenas perdemos nossas casas, como também nossos meios de subsistência. Por um mês inteiro, ficamo sem lugar para guardar os peixes. Com o programa, nós agora temos uma fábrica de armazenamento e congelamento, o que está fazendo uma grande diferença.”
"Somos uma comunidade com um espírito
guerreiro que não desiste, nem mesmo diante
dos mais devastadores e imprevisíveis
eventos da natureza."
Desde sua implementação, em 2013, a iniciativa do FIDA investiu em melhorias da infraestrutura utilizada por pequenos produtores e pescadores, que agora se organizam em cooperativas e têm acesso a mercados e pontos de venda.
“Nós organizamos várias feiras de alimentos a cada ano e temos um mercado local regular, onde podemos vender nossos produtos. Isso não mudou após o terremoto. Sabíamos o quão importante era continuar trabalhando junto para superar essa terrível situação”, acrescenta Reyes.
Na avaliação do diretor do “Bem Viver”, Hugo Dután, “comunidades rurais e diversificação da produção agrícola são fundamentais para ajudar pequenos produtores a enfrentar esses tipos de desastres naturais (como o terremoto)”.
Equador e FIDA contra a pobreza
Ao longo da década passada, o Equador obteve conquistas significativas na redução da miséria — o índice de pobreza caiu de 38% em 2006 para 26% em 2014, segundo dados do governo. A pobreza extrema já chegou a menos de 5,7%. Avanços foram resultado de mais investimentos em infraestrutura e em serviços públicos, como saúde e educação.
Apesar dos progressos, o FIDA lembra que a recente desaceleração econômica freou novas melhorias nas condições de vida da população. Atualmente, a taxa de pobreza rural ainda equivale ao dobro da miséria registrada em ambientes urbanos.
“Os pequenos produtores do Equador são essenciais para romper o ciclo de pobreza e desigualdade na região. Dando ferramentas e o treinamento de que precisam para sair da pobreza, esperamos diversificar a economia rural, gerar emprego e aumentar seus salários”, explica a gerente nacional de programas do FIDA, Caroline Bidault.
Um ano após os tremores de terra, Reyes segue otimista e afirma que os equatorianos podem dizer orgulhosamente que “somos uma comunidade com um espírito guerreiro que não desiste, nem mesmo diante dos mais devastadores e imprevisíveis eventos da natureza”.
Desde 1978, o FIDA investiu um total de 130 milhões de dólares em dez inciativas e projetos relacionados ao desenvolvimento agrícola no Equador, beneficiando mais de 271 mil famílias. Com investimentos na casa dos 60 milhões de dólares, o “Bem Viver” beneficia 25 mil famílias — quase 16% da população rural do país — em nove províncias.