O número de jovens que se matriculam no ensino superior na América Latina e no Caribe subiu de 21% para 43% entre 2000 e 2013, mas desafios como o alto índice de abandono e a desconexão com o mercado trabalhista ainda precisam ser resolvidos, revelou um relatório do Banco Mundial divulgado nesta quarta-feira (17). As informações são da agência EFE.
No documento Momento decisivo: a educação superior na América Latina e no Caribe apresentado hoje na Cidade do México, o Banco Mundial afirma que a expansão da quantidade de estudantes nas universidades da região - atualmente são 20 milhões - beneficiou especialmente jovens das classes baixas ou médias.
"Ainda há brechas no acesso igualitário, já que, entre outros motivos, os estudantes com menos recursos contam com uma educação prévia de menor qualidade", disse à Agência Efe a economista María Marta Ferreyra, líder da equipe do Banco Mundial responsável pelo relatório.
Ela indicou que, apesar de o ensino superior ter o potencial de aumentar a produtividade e a igualdade social, ele não pode ser a única solução. "As instituições só podem agregar conhecimento na medida que os estudantes ingressantes estejam bem preparados academicamente", explicou.
Baixa inovação
A expansão das matrículas ocorreu devido ao maior número de instituições e programas de estudos. Ainda assim, segundo María Marta, é pequena a quantidade de cursos de ciências e engenharia, o que explica porque a região inova pouco. O estudo aponta que, em média, metade dos alunos entre 25 e 29 anos de idade que entraram na faculdade não finalizaram seus cursos.
México e Peru são os dois únicos países da região em que a taxa de alunos na graduação chega perto da dos Estados Unidos (65%). A economista ressalta contudo a necessidade de direcionar os estudantes para programas nos quais eles tenham "possibilidades de sucesso" e para instituições que "realmente acrescentem valor".
Melhor conexão
"Um dos principais desafios enfrentados pelas universidades é conectar-se melhor com o mercado de trabalho, entender o que o mercado precisa, e revisar a oferta de cursos, a duração, o conteúdo e a relevância", indicou Marta Ferreyra.
O Banco Mundial defende que as informações sobre a porcentagem de alunos que se formam em cada curso, as perspectivas trabalhistas e quanto ganham aqueles que já estão atuando sejam disponibilizadas para que os estudantes possam tomar boas decisões.
Outro dos desafios são os alunos que são os primeiros da família a chegar ao ensino superior e que, normalmente, são menos preparados academicamente por causa das condições difíceis enfrentadas por seus pais. "Esses jovens precisam escolher muito bem seus cursos. E uma vez dentro da universidade, é preciso fornecer acompanhamento acadêmico", defendeu a economista.
O relatório do Banco Mundial destaca a necessidade de sistemas de financiamento eficazes, responsáveis e igualitários, para ampliar o acesso ao ensino superior nos países da América Latina.
"A região não pode desperdiçar o talento de tantos estudantes que não podem ir em frente simplesmente porque não têm meios para isso. Inclusive, mesmo quando a educação é gratuita, há jovens que têm que deixá-la de lado porque precisam trabalhar", afirmou Ferreyra.
ABr