Apenas 5% da população vive em uma democracia plena, em um grupo no qual nem mesmo os Estados Unidos participa, e mais da metade dos povos do planeta não têm mídia livre, segundo Índice da Democracia, da revista britânica The Economist. E, ao contrário do que se imagina, a proliferação de redes sociais tem contribuído para a restrição à livre expressão. Apesar da enorme expansão de possibilidades, diz o estudo, a liberdade de expressão está cada vez mais circunscrita e atacada.
O desenvolvimento de plataformas de redes sociais como Facebook, YouTube, Twitter, Instagram e Snapchat e de motores de busca como o Google, continua o relatório, representam um grande desafio para a viabilidade econômica dos publishers. Ao assumir o controle da distribuição de notícias – pesquisa do Pew Research Center indica que 67% dos norte-americanos têm o hábito de buscar informação via redes sociais – e da publicidade digital, as empresas de tecnologia tiraram receitas fundamentais para o desenvolvimento do jornalismo independente, um dos itens que compõem o índice da The Economist.
Em novembro, a The Economist afirmou que “longe de contribuir para o esclarecimento do público, as redes sociais estão espalhando veneno”. Há não muito tempo, segundo a revista britânica, as redes sociais ofereciam a promessa de uma política mais esclarecida: a facilidade de comunicação e a circulação de informações corretas ajudariam as pessoas de boa índole a acabar com a corrupção, a intolerância e as mentiras.
Porém, exemplificou a The Economist, um executivo do Facebook admitiu que antes e depois da eleição presidencial americana do ano passado, entre janeiro de 2015 e agosto deste ano, 146 milhões de usuários podem ter visto conteúdos mentirosos e enganadores, veiculados na plataforma por agentes do Kremlin. O YouTube, do Google, identificou 1.108 vídeos ligados aos russos, e o Twitter, 36.746 contas.
“A interferência da Rússia é só o começo. Da África do Sul à Espanha, o jogo político está cada vez mais agressivo e sujo”, alertou a The Economist. Em parte, relatou a publicação, isso se deve ao fato de que, ao propagar mentiras e indignação, minar o discernimento dos eleitores e acentuar a polarização política, as redes sociais corroem as bases sobre as quais se dá o toma lá dá cá político. “Mais do que gerar divisão e desacordo, as redes sociais se encarregam de amplificá-los”.
ANJ