Os jornais da Espanha ainda estão longe de encontrar um equilíbrio em seus negócios em meio à transformação do meio papel para o digital, numa demonstração de quanto pode ser nocivo o duopólio formado por Facebook e Google ao jornalismo.
Os sites dos seis principais jornais espanhóis – El País, El Mundo, ABC, La Razón, El Periódico e La Vanguardia – têm conquistado cada vez mais audiências, mas a maior parte dos anúncios online fica com Google e Facebook. O restante é negociado pelos veículos de comunicação a preços insuficientes para sustentar o jornalismo de qualidade.
Em 2017, relatou o site Media-Tics, o mercado de publicidade digital da Espanha ficou próximo a € 1,5 bilhão, segundo a empresa Infoadex, contra € 567,4 milhões do meio impresso. Dois terços da cifra investida com anúncios na internet ficaram com Google e Facebook. Os € 500 milhões restantes foram divididos entre os meios de comunicação, mas com anúncios a preços baixos.
Na prática, os jornais permanecem sustentadas pela publicidade impressa. Em dezembro do ano passado, os seis principais diários da Espanha faturaram € 34 milhões com publicidade, dos quais apenas € 11,5 milhões entraram via digital. Ao mesmo tempo, a circulação em papel desses veículos no último mês do ano passado foi de 548.012 exemplares, contra 81,9 milhões de usuários únicos nos sites.
Ou seja, as edições em papel faturam o dobro das digitais, mesmo com apenas 0,66% da audiência total (em difusão) ou 4,17% (por leitores). O problema é que a publicidade em papel, de maior preço, segue em rápida queda. No ano passado, a redução entre os jornais afiliados à Asociación de Medios de Información, por exemplo, foi de 6,1%, enquanto os anúncios online cresceram 11,3%.
ANJ