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Além dos Estados Unidos e da União Europeia, o Facebook enfrenta investigações na Austrália e na Indonésia por causa do escândalo de uso ilegal de dados de usuários da rede social pela Cambridge Analytica. Entre as 87 milhões de pessoas afetadas, estão pelo menos 310 mil australianos e mais de um milhão de indonésios. A preocupação dos dois países aumentou depois que o Facebook admitiu que os dados da maior parte de seus dois bilhões de usuários estão vulneráveis devido a uma funcionalidade que foi desativada.
Na Indonésia, a situação é mais delicada. O país – a maior economia do Sudeste Asiático, com 260 milhões de habitantes – entra em período eleitoral no próximo mês de setembro, com o pleito à presidência marcado para 2019. O uso de mídias sociais é intenso, com mais de 155 milhões de usuários no Facebook, e o governo indonésio é defensor de medidas rigorosas para controlar a informação na web, contando com uma agência especial criada sob a alegação de combate à relação do extremismo religioso e étnico com a disseminação de ódio e de notícias falsas nas redes sociais. Ao mesmo tempo, o presidente Joko Widodo, que tentará a reeleição, é um ávido usuário das mídias como Facebook e Twitter.
Em recente comunicado, o Ministério de Comunicações e Tecnologia da Informação pediu à Polícia Nacional que investigue possíveis violações da lei de privacidade do país no caso do Facebook e da Cambridge Analytica. A rede social informou que os dados de mais de um milhão de indonésios podem ter ido parar na consultoria. Os representantes do Facebook no país podem enfrentar até doze anos na prisão e uma multa de US$ 871 mil caso sejam condenados. Os executivos da rede social foram convocados e devem suspender os aplicativos que permitem o acesso a informações de usuários. Chefe da área de políticas públicas do Facebook na Indonésia, Ruben Hattari afirmou que vai continuar a cooperar.
O governo australiano também quer avaliar se o Facebook violou as regras de privacidade do país ao permitir o acesso aos dados de seus usuários. “Diante da natureza global deste tema, o Escritório da Comissão de Informação Australiana (OAIC, na sigla em inglês) vai conferir (a questão) com as autoridades regulatórias internacionais”, informou, em comunicado, a comissária de informação do país, Angelene Falk. A maior parte dos usuários afetados pelo escândalo da Cambridge Analytica está nos EUA — 71 milhões. O restante está em diferentes países. NO Brasil, são 443.117.
Facebook desconhece o quanto sabe a Cambridge Analytica
Diante dos desdobramentos das questões de privacidade envolvendo a empresa de marketing político Cambridge Analytica, a resposta da rede social foi muito lenta, avaliou Sheryl Sandberg, a segunda na linha de comando do Facebook, em entrevista ao jornal britânico Financial Times: “Até hoje, ainda não sabemos quais dados a Cambridge Analytica tem”, afirmou a diretora de operações da rede social.
Segundo ela, ainda não foi possível determinar as informações coletadas porque o Facebook não pode fazer sua própria investigação até que o comissário de informação do Reino Unido termine sua apuração. Sheryl também afirmou ao jornal que a companhia investiu menos do que deveria em segurança e proteção na rede social. Contudo, ela disse que agora o Facebook está mudando de posição e procurando potenciais ameaças antes que elas aconteçam.
Depois de permanecer em silêncio por vários dias, Sheryl e outros executivos cumprem nesta semana um roteiro de entrevistas dentro da estratégia traçada pelo Facebook com o objetivo de tornar mais fácil o testemunho de seu CEO, Mark Zuckerberg, no Congresso dos Estados Unidos, em 11 de abril.
Condenação no Brasil
No Brasil, um juiz determinou que o Facebook pague R$ 111,7 milhões por não ter dado acesso, em 2016, à troca de mensagens no WhatsApp por indivíduos investigados por fraudarem o sistema de saúde do Amazonas, disseram procuradores federais ontem, o que fez a empresa afirmar que está explorando “todas as opções legais”. Em comunicado à Reuters, o Facebook disse cooperar com a Justiça. “Neste caso em particular, revelamos os dados exigidos pela lei aplicável”, diz o texto. “Entendemos que esta multa não tem justificativa”.
ANJ