Mais de vinte associações americanas de defesa dos direitos digitais e de proteção à infância denunciaram nesta segunda-feira (9) o YouTube, do Google, à Comissão Federal de Comércio (FTC) por coleta e uso ilegal de dados de crianças para fins publicitários. As associações alegam que o Google coleta informações pessoais de menores de idade na rede social de vídeos, um site proibido para menores de 13 anos, como sua localização, o aparelho que utilizam para a conexão ou os números de telefones celulares sem informar previamente os pais.
"Há anos que o Google abandonou suas responsabilidades a respeito das crianças e suas famílias, afirmando de maneira enganosa que o YouTube, inundado de desenhos animados, canções infantis e publicidade de brinquedos, não está habilitado aos menores de 13 anos", afirmou em um comunicado Josh Golin, Campaign for a Commercial-Free Childhood (CCFC), uma das organizações denunciantes. "O Google obtém lucros gigantescos com a publicidade para crianças e deve respeitar a COPPA", destacou, referindo-se à lei de proteção da vida privada das crianças na Internet.
As práticas do Google, dizem as entidades, violariam essa lei de 1998, que "proíbe que um site destinado a crianças que saiba o que as crianças utilizam, colete ou utilize informações sem o acordo prévio dos pais". Um porta-voz do Google disse que a empresa ainda não teve acesso à denúncia, mas que proteger as crianças e suas famílias é uma prioridade do grupo. "Como o YouTube não é voltado para crianças, fizemos grandes investimentos para criar o aplicativo YouTube Kids, uma alternativa especialmente destinada às crianças" completou o porta-voz do Google.
Playground cheio de anúncios
O aplicativo voltado a crianças, entretanto, também enfrentou críticas recentemente, quando reportagens, umas delas da Business Insider, revelaram que YouTube Kids recomendava vídeos com base em teorias da conspiração e farsas. Entre elas estão ideias segundo as quais a chegada do homem à Lua foi uma farsa ou que o mundo é governado por seres híbridos metade humanos, metade répteis.
As associações afirma ainda que o YouTube é a plataforma online mais popular para crianças nos Estados Unidos, usada por cerca de 80% das crianças de seis a 12 anos de idade. Recentemente, o Google informou ter começado a contratar moderadores para revisar o conteúdo no YouTube de forma mais criteriosa, após críticas generalizadas de que a rede social permite – às vezes, até recomenda por meio de seu algoritmo – conteúdo violento e ofensivo.
A coalizão de entidades, entretanto, diz que isso não é suficiente. Jeff Chester, do Center for Digital Democracy, disse que o Google agiu “de forma dúbia alegando falsamente em seus termos de serviço que o YouTube é apenas para pessoas com 13 anos ou mais, enquanto deliberadamente atraiu jovens para um playground” digital cheio de anúncios. "Assim como o Facebook, o Google concentrou seus enormes recursos na geração de lucros em vez de proteger a privacidade".
ANJ