Quase dois terços (65%) dos norte-americanos consumidores de notícias acreditam que o conteúdo encontrado por eles nas redes sociais é desinformação ou notícia falsa, revelam dois novos estudos produzidos pelo Gallup e Knight Foundation. Ao mesmo tempo, em um ambiente digital contaminado por mentiras, boatos e polarização, a desconfiança é bem menor (39%) nas notícias veiculadas por jornais, TVs ou rádios, o que fortalece o jornalismo como principal antídoto à desinformação.
A maioria dos entrevistados também exige que as grandes empresas de tecnologia assumam suas responsabilidades no combate às fake news. Mais de três quartos dos adultos dos Estados Unidos (76%), segundo os relatórios publicados nesta semana, dizem que as companhias tecnológicas como Google e Facebook têm a obrigação de identificar informações erradas que aparecem em suas plataformas.
Além disso, cerca de 70% dos entrevistados disseram acreditar que os métodos para neutralizar a disseminação de notícias falsas precisam ser mais eficazes por parte das redes sociais e outras plataformas. Entre essas iniciativas, o jornalismo aparece novamente como o melhor remédio. Foram citados, por exemplo, maior destaque a notícias de fontes confiáveis, a exposição aos leitores sobre as qualificações e a confiabilidade das organizações jornalísticas e o fornecimento de links para outros conteúdos que aprofundem um determinado tema já publicado na web.
O grau em que os norte-americanos percebem a desinformação no ambiente noticioso e sua crença na eficácia dos métodos para neutralizá-la são influenciados em grande parte por suas inclinações políticas e suas opiniões sobre a mídia de forma mais ampla. Os entrevistados republicanos veem as notícias com mais desconfiança do que os democratas (77% contra 44%), mas ambos entendem que a situação mais grave está nas redes sociais.
O nível de educação tem um impacto significativo, afirmam as pesquisas. Adultos com níveis mais altos de educação são menos propensos a perceber notícias como desinformação. Isso se aplica aos que completaram o ensino médio, graduados e pós-graduados. Adultos com níveis mais baixos de educação, por sua vez, são mais inclinados a pensar que as notícias são imprecisas ou tendenciosas.
Os estudos indicam que a maioria dos norte-americanos (83%) costuma dar preferência às fontes de notícias que mais utilizam quando encontram informações erradas, seguidas por pesquisas na internet e sites de checagem de fatos. Quase um quarto dos entrevistados afirmou ter compartilhado informações erradas. A maioria deles, no entanto, disse ter compartilhado conteúdo suspeito para chamar a atenção sobre sua imprecisão.
No quesito imprecisão, as redes sociais também aparecem mais desgastadas. Entre os entrevistados, 64% acreditam que as notícias que circulam nas plataformas das companhias de tecnologia são imprecisas. A maior parte dos norte-americanos tende a achar que a maioria das notícias em geral é precisa, mas 44% veem imprecisão nessas informações.
Os entrevistados revelaram muita dificuldade para distinguir preconceito e exatidão. As fontes de notícias percebidas como tendenciosas, relatam os estudos, foram geralmente percebidas como imprecisas e vice-versa. A principal exceção são os principais jornais, como o The New York Times e o The Washington Post, classificados, na maioria, como precisos, mas tendenciosos.
A mídia pública, dizem os relatórios, tem a melhor reputação entre os norte-americanos. Em todo o espectro político, os americanos classificaram a PBS, a Associated Press e a NPR como as fontes de notícias menos preconceituosas e mais precisas.
As pesquisas foram realizadas de fevereiro a março com 1.440 adultos, nos Estados Unidos.
ANJ