O jornal britânico The Telegraph uniu forças com outros quatro publishers, na Europa e nos Estados Unidos, para lançar uma investigação sobre o uso indevido de dados coletados de usuários de mídias sociais e outras plataformas e aplicativos na internet. O jornal trabalhará ao lado do Die Zeit, da Alemanha, do Mediapart, da França, do The Intercept, dos Estados Unidos, e do site de jornalismo cidadão Wikitribune para solicitar informações de pessoas dispostas a denunciar irregularidades que podem ser de alto interesse público e constituem ameaças potenciais à democracia.
Os cinco grupos de mídia contam com o apoio da organização norte-americana sem fins lucrativos The Signals Network, que promove a transparência, prestação de contas, relatórios e denúncias de interesse público. Juntos, os veículos têm uma audiência combinada de mais de 46 milhões de pessoas em todo o mundo e disponibilizarão os recursos de mais de 30 jornalistas investigativos em tempo integral para o projeto. A união maximizará a investigação. Haverá o compartilhamento de informações recebidas, apuração colaborativa e edição coordenada antes da publicação com respeito a embargos.
O método é semelhante, por exemplo, ao utilizado no escândalo da Cambridge Analytica, em que o britânico Observer (versão dominical do The Guardian), o Channel 4 News e o The New York Times, dos Estados Unidos, se juntaram para revelar o uso ilegal de dados de milhões de usuários do Facebook para influenciar as eleições presidenciais dos norte-americanas, em 2016.
“Pode ser muito difícil para denunciantes revelarem informações de interesse público”, comentou Claire Newell, editora de investigações do Telegraph, ao destacar que, ao lado da The Signals Network, as empresas de comunicação poderão dar o suporte necessário para que essas pessoas repassem informações. Gilles Raymond, fundador e presidente da The Signals Network, disse que seu grupo está comprometido em proteger as pessoas que entrarem em contato. "É hora de criar uma dinâmica proativa em relação aos denunciantes. Acreditamos que as pessoas têm o direito de saber e o dever de dizer quando ocorrem grandes irregularidades”.
ANJ