O gigante de buscas da Alphabet, Google, não cumpriu a promessa que fez há um ano e ainda permite que desenvolvedores tenham acesso aos e-mails do Gmail dos usuários para traçar perfis e personalizar os anúncios, informou o jornal The Wall Street Journal. O diário entrevistou mais de 20 funcionários (atuais e antigos) de empresas que desenvolvem aplicativos.
A empresa continua permitindo que centenas de softwares externos possam explorar as caixas de entrada dos milhões de usuários do Gmail e fez pouco para evitar esse tipo de invasão de privacidade. O The Wall Street Journal descobriu que uma dessas empresas, a Return Path Inc. coletava informações das caixas de e-mail de mais de dois milhões de pessoas, que usaram a conta do Gmail/Microsoft ou Yahoo para se cadastrar em um dos vários aplicativos oferecidos pela empresa.
Thede Loder, chefe de tecnologia da empresa eDataSource Inc., concorrente da Return Path Inc., afirmou ao The Wall Street Journal que o uso dos dados coletados em e-mails para o envio de publicidade é uma prática comum, feita há anos. O executivo chamou que isso era considerado um "segredo sujo", conhecido entre as empresas que trabalham com dados. Lorder diz que a empresa baniu recentemente o escaneamento de dados de e-mails.
Em nota ao The Wall Street Journal, o Google afirmou que libera o acesso às informações do Gmail somente às empresas terceiras que tenham pedido e recebido permissão dos usuários para ter acesso às mensagens. "Os próprios funcionários do Google leem emails apenas em casos muito específicos em que o usuário pede e dá o consentimento, ou onde precisamos para fins de segurança, como investigar um bug ou abuso", disse a empresa em uma declaração por escrito ao jornal norte-americano.
Hoje, o Gmail tem mais de 1,4 bilhão de usuários no mundo e é responsável por 2/3 dos emails ativos no mundo, de acordo com a comScore.
ANJ