O Google deve receber nesta semana, segundo a expectativa de analistas, uma multa antitruste recorde da União Europeia (UE) relativa ao seu sistema operacional Android, informou a Reuters. A decisão, da Comissão Europeia, é esperada para quarta-feira (18) e é considerada a mais importante entre três casos antitruste contra o Google, da Alphabet. Alguns especialistas, entretanto, dizem que a medida pode ser pouco eficaz.
A ação regulatória provavelmente vem tarde demais tendo em vista a posição arraigada do Google, afirma o analista Richard Windsor, da empresa de pesquisa Radio Free Mobile. “Os usuários na UE estão agora completamente acostumados a usar os serviços do Google e passaram a preferi-los”, ressalta. “Por isso, acho que separar o Google Play do restante dos serviços do Google Digital Life teria muito pouco impacto, já que os usuários simplesmente baixariam e instalariam os serviços da loja”, conclui Windsor, conforme relato da Reuters.
O caso Android foi desencadeado por uma queixa em 2013 do grupo FairSearch, cujos membros na época incluíam Oracle, Nokia e Microsoft. Reguladores dizem que o Google forçou fabricantes de smartphones a pré-instalar o Google Search junto com a Play Store e o navegador Chrome, assinar acordos para não vender dispositivos em sistemas rivais do Android e também pagar fabricantes de smartphones para pré-instalarem apenas o Google Search em seus dispositivos.
Como o Google é capaz de fazer seus anúncios aparecerem em mais aplicativos de smartphone do que qualquer outro rival de tecnologia, relata a Reuters, a rede de aplicativos da gigante de buscas silenciosamente se tornou um grande motor de crescimento. O Google negou as acusações, dizendo que o agrupamento Google Search com o Google Play permite oferecer todo o pacote gratuitamente, e que os fabricantes e usuários de smartphones têm uma ampla escolha.
Os altos pagamentos feitos pela empresa aos desenvolvedores de aplicativos, juntamente com seu relacionamento estreito com milhões de anunciantes, transformaram o Google na principal fonte de receita para muitos aplicativos. Sua Play Store é responsável por mais de 90 por cento dos aplicativos baixados em dispositivos Android na Europa.
A popularidade, por sua vez, pode significar uma batalha difícil para os reguladores antitruste da UE, que buscam equilibrar a concorrência com o Google, garantindo que os usuários possam fazer o download em lojas de aplicativos concorrentes e que os fabricantes de smartphones possam escolher aplicativos pré-instalados.
Antes da decisão, a comissária de concorrência da União Européia, Margrethe Vestager, fará nesta terça-feira (17), uma teleconferência de 11 horas com o CEO do Google, Sundar Pichai, informou a Bloomberg. A possível sanção vem pouco mais de um ano após a Comissão ter imposto uma penalidade de € 2,4 bilhões (US$ 2,8 bilhões) ao Google, por favorecer seu serviço de compras em detrimento dos concorrentes. A sanção desta semana deve ultrapassar a multa de 2017 por causa do escopo mais amplo do caso Android, disseram fontes próximas ao assunto à Reuters.
O posicionamento da Comissão Europeia chega em meio a um conflito comercial entre os Estados Unidos e a UE, que revidou a decisão norte-americana de impor tarifas sobre as importações de aço e alumínio provenientes da Europa. A UE elevou as tarifas de 3,2 bilhões de dólares em produtos exportados pelos Estados Unidos. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, se encontrará com o presidente Donald Trump em Washington DC sobre a questão comercial na próxima semana.
ANJ