A equipe técnica do Laboratório Central (Lacen-MT) de Mato Grosso passa por capacitação. Durante essa semana, profissionais da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão no laboratório para que o teste para Diagnóstico Molecular de Arboviroses pela Metodologia Multiplex (Reação em Cadeia da Polimerase Transcriptase Reversa – RT-PCR) seja implantado no Estado.
O teste possibilita detectar simultaneamente três doenças através de seus vírus causadores: dengue, zyka e chikungunya. A Fiocruz, cuja sede fica no Rio de Janeiro (RJ), é detentora da técnica que identifica os vírus e é uma iniciativa pioneira no Brasil.
Segundo Marco Andrey Pepato, diretor do Lacen-MT, a iniciativa é de grande valor para o Estado, que já sofreu com surtos das doenças. “O Ministério está passando essa tecnologia para os Lacens, que são os laboratórios de referência do País, e o Mato Grosso está sendo o terceiro laboratório no país a fazer essa implantação”.
O Lacen possui estrutura física e equipamentos adequados para realizar os exames, e os insumos, que são os kits de reagentes, são fornecidos pelo Ministério da Saúde. O procedimento é composto por três fases: a extração do RNA viral, a aplicação de reagentes e a detecção, que é a ampliação do RNA viral para identificação do vírus.
As arboviroses, assim chamadas por serem doenças infecciosas transmitidas por artrópodes (mosquitos, aranhas ou carrapatos, por exemplo) são transmitidas por mosquitos do gênero Aedes, e são consideradas um grande desafio à saúde pública devido ao crescente número de casos no Brasil, inclusive nos períodos de chuva intensa.
Além das arboviroses já conhecidas, os técnicos do Lacen citaram um possível novo inimigo da saúde humana, que também é transmitido pelo Aedes aegypti e tem basicamente os mesmos sintomas da chikungunya, por serem oriundos da mesma família de vírus. A febre do Mayaro é endêmico na Amazônia, especialmente nos estados das regiões Norte (Pará e Tocantins). No Centro-Oeste, o estado de Goiás apresenta a maior concentração de casos confirmados da doença em pessoas que foram infectadas na zona rural ou da mata.
O exame é feito através de amostras de sangue, colhidos não somente do paciente suspeito de portar alguma das doenças, mas pacientes com sintomas da Síndrome de Guillain-Barré, sangue do cordão umbilical do recém-nascido que apresentar alguma deformidade, ou da placenta da mãe. Amostras de urina também serão utilizadas. “Os exames para a zyka, por enquanto, são somente para gestantes ou mães que tiveram zyka, recém-nascidos, e casos com sintomas considerados graves”, afirmou Daniele Ribatski da Silva, coordenadora técnica do Lacen.
Segundo Marco, a perspectiva é que em breve o laboratório passará a realizar os exames no Lacen. “Assim que terminarmos a capacitação dos profissionais, faremos uma validação dos testes e tão logo, já começar a absorver essa demanda”, concluiu.
Atualmente, os exames para detecção e obtenção do resultado final não são realizados no Estado. O material é colhido e enviado para outros laboratórios de referência, o que demanda um prazo de até 30 dias para a entrega do resultado. Com a implantação do método no Lacen, esse prazo irá variar em no máximo de dez a 15 dias, de acordo com a quantidade de exames solicitados.