Mulheres de meia-idade com Síndrome das Pernas Inquietas (SPI) têm maior risco de desenvolver hipertensão sanguínea, segundo estudo publicado no Hypertension: Journal of the American Heart Association. Essa síndrome afeta cerca de 15% da população mundial adulta e caracteriza-se por uma sensação intensamente desagradável e uma vontade irresistível de mover as pernas. Seus sintomas podem levar ao sono de má qualidade e sonolência durante o dia.
Em 2005, pesquisadores da Brigham and Women's Hospital e do Harvard Medical School in Boston, ambos nos Estados Unidos, consultaram 97.642 mulheres sobre seus sintomas de SPI e estado da pressão arterial. A média de idade dessas mulheres era de 50,4 anos. Entre as perguntas específicas, estavam questões sobre formigamentos incomuns ou dor combinada com agitação e uma necessidade de se movimentar. As perguntas foram baseadas nos critérios internacionais de estudo da Síndrome das Pernas Inquietas.
Ao final do estudo, descobriu-se que:
- Mulheres com cinco a 14 episódios de SPI ao mês tiveram 26% de prevalência de pressão sanguínea alta;
- Mais de 15 episódios de SPI significaram 33% de prevalência de hipertensão;
- Mulheres sem sintomas de SPI tiveram 21,4% de prevalência de pressão alta. Tudo indica que, quanto maior a severidade da síndrome, maiores as chances da mulher de meia-idade desenvolver hipertensão.
Estudos anteriores realizados em homens já haviam sugerido a ligação entre a Síndrome das Pernas Inquietas e hipertensão.
Síndrome das pernas inquietas perturba o sono
A síndrome das pernas inquietas (SPI) nada tem a ver com a mania de balançar os membros inferiores enquanto se conversa, lê, assiste à televisão ou trabalha. Esse costume cessa assim que o indivíduo percebe o que está fazendo. A SPI causa um desconforto nas pernas que só passa quando a pessoa se movimenta.
A agitação motora anormal compromete a qualidade de vida dos portadores porque interfere no sono e não permite a permanência em uma única posição por muito tempo, o que atrapalha idas ao cinema, viagens longas, reuniões e até consultas odontológicas. Porém, tem cura, garante a médica pneumologista do Instituto do sono Luciana Palombini.
A agonia nas pernas costuma aparecer nos momentos de relaxamento, principalmente no fim da tarde, início da noite ou quando a pessoa deita para dormir.
A sensação é tão incômoda que, muitas vezes, o indivíduo precisa levantar e caminhar para voltar ao normal. A alteração de sensibilidade também pode ocorrer nos braços e durante o dia, mas isso é menos comum.
O diagnóstico é feito por meio de uma consulta clínica, mas exames adicionais devem ser solicitados para identificar as causas do problema.
De acordo com Luciana, deficiência de ferro, insuficiência renal e gravidez são algumas das situações especiais que podem levar do desenvolvimento da síndrome. "Em casos que não existem fatores desencadeantes associados, o motivo parece ser uma deficiência de dopamina (neurotransmissor do sistema nervoso central). Além disso, o estilo de vida pode influenciar. O excesso de cafeína, o estresse e o sedentarismo podem piorar os sintomas", afirma a especialista.
A médica explica que o tratamento combina uso de medicamentos com medidas comportamentais, como diminuir o consumo de café e cigarro, cuidar da qualidade do sono e realizar exercícios físicos regularmente.