Sérgio de Almeida Salles, testemunha de defesa dos pilotos ouvido nesta terça-feira (08/02), foi alertado durante a audiência sobre crime de falso testemunho
Sérgio de Almeida Salles, ex-oficial da Força Aérea e representante da empresa ExcelAire no Brasil na época do acidente, confrontou de forma infundada o relatório do Cenipa (Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica). Salles foi testemunha de defesa dos pilotos norte-americanos Jan Paul Paladino e Joseph Lepore e foi ouvido em audiência nesta terça-feira (08/02), em Sinop (MT). A audiência faz parte do processo do acidente do Voo 1907, que matou 154 pessoas em setembro de 2006. O jato Legacy, que pertence à empresa ExcelAire, era pilotado por Paladino e Lepore e colidiu contra o avião da Gol.
Tendo apenas como argumento suas opiniões próprias, o depoimento de Salles passou a ser desacredito quando confrontado com dados técnicos do relatório do Cenipa. Além do próprio Cenipa, o relatório passou pela validação do Instituto Nacional de Criminalística e pela Polícia Federal. A procuradora do Ministério Público Federal, Analícia Trindade, chegou a chamar a atenção do ex-oficial, dizendo que suas declarações poderiam configurar crime de falso testemunho. “Quando confrontado e desmentido, Salles usava expressões técnicas para confundir o juiz e as partes envolvidas”, afirma a procuradora.
Dante D’Aquino, assistente de acusação do Ministério Público, representando a Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907, explica que ficou evidente que a testemunha estava no depoimento de forma parcial, como representante dos interesses da ExcelAire. "Salles foi visivelmente tendencioso em suas declarações", diz.
O perito de acidentes aeronáuticos Roberto Peterka fez uma investigação aprofundada do que o relatório técnico do Cenipa indica. Peterka já investigou mais de mil casos de acidentes e fez parte da FAB (Força Aérea Brasileira). Segundo o especialista, os pontos destacados como aparelhos do avião Legacy desligados, inabilidade dos pilotos de pilotar tal categoria de aeronave, além da falta de um planejamento de voo são fatores determinantes da comprovação da responsabilidade dos norte-americanos Lepore e Paladino pelo acidente.
Julgamento por videoconferência
A próxima audiência será também com testemunhas de defesa dos acusados, com data a ser marcada. O juiz responsável pelo caso, Murilo Mendes, decidiu que as audiências serão feitas por meio de videoconferência dos Estados Unidos para o Brasil, e não por carta rogatória, em solo norte-americano, como reivindicou o advogado de defesa dos pilotos, Theodomiro Dias Neto.
Os dois pilotos ainda não foram julgados e o processo judicial movido contra eles pode prescrever em junho deste ano. Os profissionais, inclusive, continuam trabalhando normalmente para as empresas American Airlines e ExcelAire, respectivamente.
Perfil Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907
A Associação foi fundada em 18 de novembro de 2006, na cidade de Brasília, no Distrito Federal, com o objetivo de reunir e organizar os familiares e amigos das vítimas do acidente aéreo voo 1907, da empresa Gol Linhas Aéreas Inteligentes S/A, para lutar pela defesa de todos os direitos e interesses dos que sofreram com a morte de entes queridos. Além disso, a Associação exige a apuração em todas as esferas administrativas e judiciais (cível e criminal) das causas que levaram à queda do avião, ocorrida no dia 29 de setembro de 2006, da mesma maneira que auxilia os familiares das vítimas a obter junto ao poder público e aos responsáveis pelo evento, todas as informações pertinentes sobre o sinistro, bem como obter o reconhecimento de seus direitos. Mais informações pelo site http://www.associacaovoo1907.com/?l=que e adesão ao abaixo-assinado pelo site www.190milhoesdevitimas.com.br