Um parque público para crianças com uma disposição de brinquedos inovadora, instalado em bairros de São Paulo e Rio de Janeiro, foi um dos vencedores do Prêmio Mais Movimento, entregue em dezembro do ano passado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O objetivo da premiação foi prestigiar iniciativas originais com impacto social.
Por se tratar de um modelo de promoção da prática regular da atividade física, o projeto da empresa Erê Lab sagrou-se vencedor após concorrer com mais de 140 iniciativas de todo o Brasil.
“A população fisicamente ativa vem decaindo ano após ano. Precisamos acabar com esse ciclo. Uma das formas de tornar o Brasil mais ativo é incorporar o movimento ao dia a dia dos brasileiros, de forma criativa e prazerosa”, disse o coordenador-residente do Sistema das Nações Unidas no Brasil e representante-residente do PNUD no Brasil, Niky Fabiancic.
A proposta do Erê Lab foi criar parques públicos infantis diferentes dos convencionais, que até hoje têm a mesma disposição da década de 1970: gira-gira, trepa-trepa, balanço, gangorra e escorregador.
Por meio de seus brinquedos e parquinhos, o projeto cria espaços para desenvolver a capacidade motora e cognitiva das crianças por meio de equipamentos que incentivam um brincar mais livre, conectado aos movimentos da natureza. A ideia é estimular as crianças a procurar novas maneiras de interagir com o brinquedo.
Um dos diferenciais da iniciativa são os brinquedos rentes ao chão, que permitem às crianças menores terem autonomia para brincar sozinhas. Além disso, os equipamentos valorizam aspectos da cultura brasileira, como o escorregador em formato de montanha e o trepa-trepa inspirado nas raízes retorcidas de árvores de manguezais.
Inspirado pelo nascimento de seu primeiro filho, o artista plástico Roni Hirsch refletiu em 2013 sobre a importância da construção da cidadania a partir de experiências enriquecedoras por meio da apropriação do espaço público. A partir dessa reflexão, e em parceria com a produtora Helô Paoli, ele fundou o Erê Lab. A iniciativa se apoia em quatro pilares: criança, sustentabilidade, cidadania e brasilidade.
Desde 2014, o Erê Lab instalou mais de 40 parques temporários, para mais de 20 mil crianças. Em dezembro de 2015, inaugurou o primeiro espaço permanente, no Largo da Batata, em São Paulo. Desde então, a empresa lançou um novo espaço no Largo do Paissandu, também na capital paulista, e cinco em Engenho de Dentro, Caju, Mato Alto, Acari e Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Em algumas áreas onde estão instalados no Rio, os parquinhos são a única opção de lazer segura para os moradores em um raio de 10 quilômetros e, durante o fim de semana, se tornam um importante espaço de convívio familiar e comunitário. Ao valorizar o espaço público, o Erê Lab também tem como objetivo resgatar a história do local no qual estão inseridos.
Apesar de ser uma iniciativa recente, a empresa tem como uma de suas prioridades a validação de um modelo de escala sistematizado, mais compacto e de baixo custo para se tornar mais competitiva. Para isso, conta com o apoio da Artemisia, uma das principais aceleradoras de negócios sociais. Também tem o suporte de duas organizações especializadas em primeira infância: Instituto Alana e Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.
A iniciativa foi reconhecida publicamente em uma cerimônia de premiação em 2 de dezembro no Museu de Arte do Rio (MAR), na capital fluminense. A jornalista Fernanda Gentil foi mestre de cerimônias do evento. Além de receber um troféu e um certificado, a iniciativa será divulgada pelo PNUD em seus canais de comunicação, com o objetivo de disseminar a prática e fazer com que ela se multiplique em outros contextos e regiões.
Os ganhadores do prêmio foram selecionados por um júri independente, composto por representantes do PNUD, de outras agências internacionais, do governo, de organizações da sociedade civil e do setor privado.