O longo caminho que Geisiel da Silva percorreu teve inicio aos 12 anos de idade, com o uso de cigarro e só teve um alivio há seis meses – ou 12 anos mais tarde. Alívio porque a recuperação é contínua, ininterrupta e dia após dia. Por meio da série de reportagens “Caminhos da Recuperação”, o Poder Judiciário de Mato Grosso está contando histórias de pessoas que receberam ajuda do Núcleo Núcleo Psicossocial Forense (NUPS) localizado no Juizado Especial Criminal Unificado da Capital (Jecrim).
Gesiel teve o primeiro contato com o cigarro, ainda quando era criança. “Nós morávamos no sítio e os meus tios fumavam. Eu pegava escondido e ia para o mato fumar. Do cigarro veio a bebida alcoólica e depois a droga mais forte. Dos 14 aos 26 anos fumei maconha. Eu era uma pessoa despreocupada com a vida se tivesse comida bem, se não tudo bem também. Na família era só briga.
Brigas e afastamento da família - As confusões logo se iniciaram e o afastamento das pessoas foi o segundo passo de Gesiel. “Eu ficava só no quarto, isolado ou no fundo da minha casa. Não tinha diálogo com ninguém. Minha esposa ficava reclamando e nós acabávamos por brigar e brigar.
Segundo narrou, Gesiel fumava maconha todos os dias e o vicio já roubava parte de sua vida. “Já não fazia nada sem o uso da maconha. Não sentia fome, não ajudava nada em casa. Até meu enteado de 11 anos estava começando a andar com uns coleguinhas barra pesada”.
O caminho de volta - Foi necessário um choque de realidade para que Gesiel retomasse sua vida sem o uso de drogas. “Estávamos eu e minha esposa de moto e fomos parados em uma blitz. Eu estava portando maconha e acabei sendo autuado por posse ilegal de drogas. A partir dai é que caiu a ficha: minha esposa falou que se eu não parasse de usar droga ela ia me deixar e levar meus filhos. E para complicar ainda mais me preocupei com minha filha. Ela poderia achar que isso era normal e acabar usando drogas como fiz”, disse.
Por três meses Gesiel frequentou o Nups e a partir dai é que juntou forças para deixar o vício de uma vez por todas. “Frequentei até a polícia me parar e me enquadrar. Aqui no NUPS tem varias pessoas que me aconselharam e muitas palestras”, reiterou Gesiel.
Após uma década usando constantemente a maconha, Gesiel deu seu recado às pessoas que estão no mesmo caminho: “Não compensa usar drogas, é gasto de dinheiro e tempo. As brigas com a família, o isolamento dos amigos e nós ficamos marcados como drogados para sempre. Depois que você para e sai dessa vida é um verdadeiro recomeço, tudo do zero”. Geisiel é um nome fictício que foi usado para preservar a identidade do usuário.