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Medidas emergenciais para o funcionamento da universidade até o término do primeiro semestre de 2019 foram tema da reunião realizada, na tarde desta quarta-feira (08), entre membros da administração superior, diretores de unidades acadêmicas dos cinco Câmpus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE), do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos (Sintuf/MT) e da Associação dos Docentes (Adufmat - Seção Sindical). Na oportunidade, o grupo também decidiu pela realização de um ato unificado em defesa da educação pública na próxima quarta-feira (15).
As ações são reflexos do bloqueio de 30% no orçamento da Educação efetuado pelo Ministério da Educação (MEC), na semana passada. Dentre as medidas apontadas estão a diminuição de viagens de estudantes para eventos de pesquisa e para aulas de campo; a suspensão dos editais de mobilidade entre as instituições públicas de ensino superior de Mato Grosso previsto para 2019 e de mobilidade internacional para técnicos em educação; e a redução dos recursos voltados para capacitação dos servidores.
A prioridade da UFMT é trabalhar para reverter, o mais rápido possível, o bloqueio. Conforme explica a reitora da UFMT, professora Myrian Serra, “se isso não ocorrer, os contratos não serão honrados, o que inviabilizará o funcionamento da universidade no segundo semestre”.
Duas das áreas mais afetadas devem ser as de pesquisa e de ensino de pós-graduação. Além da diminuição nos investimentos com laboratório, insumos de pesquisa e equipamentos, o bloqueio de 30% torna todas as ações da universidade insustentáveis pela falta de energia, limpeza e segurança, explicou a pró-reitora de Pesquisa, professora Patrícia Silva Osório.
A pós-graduação também sofre o impacto no corte das bolsas, o que fragiliza os 66 programas existentes. “A médio prazo, isso impede a formação de profissionais de ponta para a região e, a longo prazo, compromete todo o desenvolvimento científico, econômico e social”, disse a pró-reitora de Ensino de Pós-Graduação, professora Ozerina Victor de Oliveira.
Atualmente, a UFMT possui mais de 680 projetos de extensão atuando diretamente nas comunidades em que se insere e esse número chegaria a mil até o final do ano. No entanto, o bloqueio pode inviabilizar a continuação desses projetos. Para o professor Fernando Tadeu de Miranda Borges, pró-reitor de Cultura, Extensão e Vivência, “se a universidade paralisa, todos esses programas e projetos vão deixar de ser atendidos. São muitas atividades ligadas à cultura, à saúde, ao conhecimento que impactam diretamente na população”.
Ato público unificado
O grupo entendeu que a principal ação é a de caráter político. Por isso, decidiu encaminhar ampla mobilização, com ato unificado em defesa da educação pública, na próxima quarta-feira (15 de maio). No período da manhã, a mobilização será nos câmpus e, à tarde, em ruas e praças ainda não definidas.
O representante estudantil Rauge da Silva Lemos salientou a necessidade de uma mobilização social em prol das instituições públicas de ensino superior. “Para estudantes como eu, que vieram de famílias pobres, a universidade pública é a oportunidade de mudança de vida. O bloqueio é triste, mas não me desanima, pois temos vontade de lutar para conquistar melhores condições de ensino e porque queremos que outras pessoas como eu tenham acesso à universidade pública e de qualidade”, disse.
Já a representante dos técnicos em Educação de Várzea Grande Denize da Silva Mesquita afirmou que o bloqueio é um ataque às universidades e pode vir a comprometer sua existência, por isso a importância de uma manifestação pública em defesa delas.