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Sexta, 17 de outubro de 2014, 19h59

Palestra evidencia a importância da 'moral e ética' na sala de aula


Os desafios vividos em sala de aula parecem aumentar a cada dia e uma pergunta sempre fica: “Estamos preparados?”. A falta de valores, o desrespeito aos colegas e professores, o uso do celular, a concorrência desleal com atrativos extraclasse e tantos outros dilemas fizeram parte da palestra que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MT) ofereceu aos instrutores da instituição pelo ‘Dia do Professor’. Com o tema: 'Adolescência e Convivência: Desafios e Possibilidades' a professora, mestre em Psicologia Educacional, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral, Flávia Maria Vivaldi, levantou reflexões profundas sobre o papel dos docentes e endossou a necessidade do retorno a princípios e valores dentro e fora das salas de aula.

De acordo com Flávia, a moral, em termos de educação, está em conhecer as regras que são pautadas em princípios e conseguir encontrar nesses princípios um valor. Em um mundo onde muitas coisas são medidas por um valor material é natural que os jovens fiquem confusos sobre o que de fato é importante. “Quem nunca ouviu o aluno perguntar: mas vai valer nota professora?”. Ou seja, o conhecimento, para eles, só faz sentido se gerar um ‘lucro’. Como, para agir de forma correta ou fazer o dever, não existe recompensa, então por que fazê-lo?

Ela explica que, até os sete anos, as crianças apenas aceitam aquilo que lhes é imposto, mas a partir de então, quando o senso de justiça está se formando, elas começam a questionar. “Mas por que é assim? Por que devo fazer isso? Qual o sentido?”. Agir com essas crianças como se agia há décadas é impossível, então o caminho é ajudá-los a encontrar essas respostas e a questionar o mundo de forma saudável. “A educação precisa ser prática e não doutrinária. O que fazemos hoje é jogar um monte de coisas e esperar que estes estudantes ajam como nós no século passado. Só que a geração é outra. Eles querem experimentar, ser desafiados, descobrir novas possibilidades e se não nos colocarmos no lugar deles, ao lado deles, não poderemos ajudá-los”.

Ela falou, ainda, sobre a importância do exemplo. “Queremos exigir deles o que não somos. Afinal, o que tem valor para nós?”. Ela conta que as pessoas só costumam seguir as regras mediante uma punição. “Eu não passo o sinal vermelho porque posso ser multada e não porque é certo fazê-lo. É esse o exemplo que quero deixar?. Desta forma, como cobrar atitudes morais dos estudantes se eles sequer possuem referências para seguir. Quem são os heróis de hoje, em quem eles vão se espelhar?”, questiona a professora.

Para Flávia, é preciso valorizar as atitudes boas dos estudantes e estimulá-las, enaltecer as qualidades humanas. “O jovem precisa saber que a recompensa por ser generoso provém da própria virtude. Que ele poderá sentir-se bem ao cumprir com compromissos, que a sensação de fazer o certo é boa e que ele pode ser feliz ao fazê-lo”. Para ela, o único caminho para a educação atual provém da conquista do autorrespeito. “Se o tempo todo eu defender a ideia de algo pela aparência ou status estou defendendo valores da ordem material, ou seja, estou mostrando para a criança que tudo tem um preço. Se defendo valores da relação com o outro, estou construindo os verdadeiros valores humanos. O tempo todo, os pais, a escola, os professores estão validando princípios materiais. E, em muitos momentos as coisas são mais valorizadas do que as boas atitudes”, explica.

Por fim, a professora contou como trabalhou conceitos de moral em sala de aula com uma turma que tinha as características de indisciplina e falta de respeito, mostrando que a moral pode ser aprendida. Ela defendeu uma educação prática, com diálogo e direcionamento. “Se eu defendo a generosidade eu preciso sair de sala e levar os alunos para fazer algo para a sociedade. Estamos banalizando a violência e a maldade. Mas, se fingimos que não vemos, estamos contribuindo com elas. Precisamos trazer as discussões para sala com argumentos que sejam superiores aos dos alunos, que os façam pensar e levar para a própria vida. O trabalho sistemático com dilemas melhora e transforma as estruturas morais do aluno”, conclui.

O evento foi bem recebido pelos instrutores. Para a coordenadora da Unidade de Desenvolvimento em Educação Inicial e Continuada, Silvania Maria de Holanda, ser instrutor do Senai é uma grande oportunidade de mudar rumos, transformar trajetórias de vida, fatores que são combustível diário para exercer o papel de docente, de instrutor, de facilitador, de coordenador, de mediador do conhecimento. “Não importa a classificação que é dada para a função. O importante é saber que você faz a diferença no destino das pessoas”, pontua. O mesmo pensa a coordenadora da Unidade de Desenvolvimento em Educação Técnica e Tecnológica, Eveline Pasqualin. Para ela, o maior legado deixado pelo Senai é a cidadania por meio do trabalho. “Uma pessoa que estuda tem poder de escolha na sociedade, consegue crescer e contribuir com o Estado. Um valor que não se pode mensurar”, pontua.

A diretora regional do Senai-MT, Lélia Brun, ficou emocionada ao falar da profissão de professor e da responsabilidade que cada um assume ao formar pessoas. “Ser professor é mudar gente e mudar a vida das pessoas, e não há nada mais bonito do que isso. No dia a dia são as ações de vocês que fazem a diferença na imagem, permanência e respeito que nossa instituição tem diante da sociedade. Conto com todos e quero que compreendam que o papel de vocês é universal”.  




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