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Quinta, 20 de julho de 2017, 18h58

Primeiro Ciec de Mato Grosso será construído em bairro com maior vulnerabilidade social


Por ser um dos bairros mais populosos de todo o Estado e apresentar problemas de vulnerabilidade social, o Pedra 90, em Cuiabá, foi escolhido pela Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc) para receber um novo sistema educacional, pensado para transformar a região, por meio da educação.

O edital de licitação já está aberto, com sessão de entrega de propostas agendada para o próximo dia 8 de agosto, para escolha da empresa encarregada pela construção do primeiro Centro Integrado Escola-Comunidade (Ciec) de Mato Grosso, uma unidade escolar de cerca de R$ 14 milhões, que vai funcionar no modelo militar Tiradentes.

De acordo com o secretário de Estado de Educação, Marco Marrafon, a Seduc está cumprindo, na prática, uma determinação do governador Pedro Taques, de colocar os melhores equipamentos públicos nas regiões em que a população mais precisa.

“Isto é justiça distributiva. E o Ciec não é apenas uma escola. É um projeto de real mudança estrutural, pois revoluciona a base social através da educação e da segurança comunitária. Diferentemente das UPP, do Rio, garantimos, primeiro, os direitos sociais da população, que no caso do Pedra 90 é muito jovem”, disse o secretário. 

De acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, o Pedra 90 tem cerca de 40 mil habitantes. Quase metade dessa população é formada por crianças e jovens de 0 a 24 anos (aproximadamente 18 mil). Conforme a pesquisa, de todos os residentes, 10 mil frequentam a rede pública de educação, sendo que parte desse total corresponde aos alunos das três escolas estaduais localizadas no bairro: EE Rafael Rueda, EE Mário de Castro e EE Malik Didier.

Há poucos meses Naiara Antônia da Silva, 20, se viu obrigada a escolher entre os estudos e o trabalho, realidade que afeta milhares de jovens brasileiros. Sem familiares em Cuiabá, a garota, que é moradora do Pedra 90, optou por montar uma barraca e vender frutas e salgados para conseguir pagar as contas do mês.

Embora esteja matriculada na Escola Estadual Mário de Castro, Naiara conta que a necessidade de se manter foi o fator principal na hora de tomar a decisão de interromper os estudos, mas que a criminalidade, a violência e a estrutura precária da escola também pesaram.

Moradora do Pedra 90 desde a infância, a jovem conta que estudou até o 2º ano do Ensino Médio e que, apesar de gostar de estudar, muitas vezes o ambiente escolar atrapalhava o processo de aprendizagem.

“Muitos queriam aprender, mas muitos também só queriam fazer bagunça, se aparecer, desrespeitar os professores, além disso, várias outras coisas não ajudavam, como a criminalidade e a falta de interesse das pessoas. Acho que a escola tinha que ser diferente para incentivar os alunos a quererem estudar e aprender”, acredita.

Pró-Escolas

O novo sistema educacional do Pedra 90 consiste na construção de dois Centros Integrados Escola Comunidade, sendo um para a nova EE Rafael Rueda e o outro para uma escola militar Tiradentes, que já está sendo licitado.

As unidades Mário de Castro e Malik Didier também ganharão prédios novos, no padrão Seduc. Para o secretário Marco Marrafon, a nova estrutura fará a diferença no bairro - e a verdadeira mudança começará com a oferta de atividades culturais, esportivas, tecnológicas e científicas, que ocorrerão entre alunos, professores e comunidade.

A construção das quatro novas unidades no Pedra 90, bem como as iniciativas educacionais idealizadas para serem colocadas em prática, atendem ao Pró-Escolas, maior programa de investimentos em educação já lançado pelo Governo do Estado, que abrange o desenvolvimento de ações em Estrutura, Ensino, Inovação e Esporte e Lazer, com foco na melhoria de aprendizagem. O intuito é, no curto e médio prazos, elevar os índices da Educação de Mato Grosso de forma permanente.

O caminho para alcançar essa meta é tornar a escola mais atrativa, diz Marrafon. Isso já começou a se tornar realidade, uma vez que a EE Rafael Rueda passou a funcionar em período integral neste ano, tornando-se uma das 14 Escolas Plenas do Estado. Outro passo para a realização desse objetivo são os processos licitatórios em andamento para contratação das empresas que serão responsáveis pelas obras das novas unidades escolares.

Das quatro licitações, a da EE Mário de Castro já foi finalizada e a obra deve começar nas próximas semanas. (SAIBA MAIS)

Transformação acontece

Comerciante no bairro há quase 20 anos, Sônia Aparecida Silva, lembra que já viu muitos episódios de violência e criminalidade nos arredores das escolas. “Hoje em dia a situação está um pouco melhor, com a presença da polícia, mas os jovens precisam se envolver em projetos, em esportes e cursos que tirem a atenção deles para as coisas erradas, como as drogas. Se isso vier para cá, com certeza vai tirar muitas crianças das ruas”, comenta.

A dona de casa Érica Luiza de Melo também vive no Pedra 90 há quase 20 anos e as três filhas estudaram nas escolas estaduais do bairro. Hoje, avó, ela continua desejando que as coisas melhorem para a população. “Eu e minhas filhas já vimos um homem ser assassinado na nossa frente e quero acreditar que toda essa violência ficou no passado. Acredito que uma realidade como essa só pode ser mudada com educação, que chama os alunos para dentro, porque é o que transforma”, garante.

Para a jovem Naiara, que deixou os estudos de lado para trabalhar, o desejo de voltar para a sala de aula é grande, mas ela também quer ver as melhorias acontecerem. “Minha escola dos sonhos é grande, espaçosa, bonita, com atividades, refeitório limpo e confortável, quadra para todos os esportes e regras e respeito entre todos; e, claro, segurança e vigilância para que a gente possa aprender de verdade. Eu acredito que isso será realidade em breve, do mesmo jeito que acredito que vou poder voltar para a escola logo”.

CLIQUE AQUI PARA CONHECER O PROJETO DO CIEC




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