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Sexta, 11 de março de 2011, 08h52
Realidade

Sem assistência, família mostra abandono do programa Agricultura Familiar em Cuiabá


 

Miguelina Bondespacho mostra a geladeira: só água, bolo e leite. (Fotos: Sandra Carvalho)

Sandra Carvalho

Sem incentivo, assistência técnica, meios de transporte e espaço para comercialização, a agricultura familiar vive um momento de total decadência em Cuiabá. Com as chuvas, a produção se perde e os produtores são obrigados a abandonar a roça para viver de bicos. Pior: verba federal estaria parada no caixa da Prefeitura por falta de contrapartida do município."E ainda nos chamam de preguiçosos", diz mulher do campo.

?Por todos os cantos a palavra mais repetida é “abandono”. “Estamos sem apoio e sem assistência técnica”, reclama Tomás Aquino de Oliveira, presidente da Associação São Gerônimo. Ele ainda conta que cerca de 900 mil repassados pelo programa federal Fome Zero via Conab à Cuiabá estariam parados na conta do município porque a Prefeitura ainda não entrou com sua contrapartida. “Este dinheiro poderia estar beneficiando mais de 300 trabalhadores rurais”, calcula Tomás.

Enquanto isso, além de deixarem de ganhar dinheiro, os pequenos produtores ainda estão tendo grandes prejuízos. Perdem produção por falta de assistência técnica, porque não há logística para comercializarem seus produtos em Cuiabá ou no centro de abastecimento construído pelo Estado em Várzea Grande.

Teodoro diz que sem assisstência técnica prejuízo é certo
Na região do assentamento 21 de abril, onde há 13 comunidades rurais, a situação é desoladora. Dona Juvenil Martins de Souza, aos 62 anos, se emociona ao falar do abandono. “Eu penso em desistir, em largar tudo e ir embora”, desabafa, dizendo que produz apenas para seu próprio consumo. “Só não passamos fome aqui porque temos galinhas e ovos”, conta.

Dalva Salomé reclama da miséria
Maria Belarmina considera a vida que levam “uma humilhação”. No quintal, maxixe e pimenta se perdem, quando poderiam estar sendo vendidas e revertidas algum lucro para a família. “E se vamos na cidade comprar um saco de milho temos que gastar com a passagem caríssima do coletivo, mas a taxa de bagagem”, reclama.

Seu Teodoro Torquato dos Santos, 68 anos, também cita a necessidade de máquinas para gradear o solo no tempo certo, além de assistência técnica para análise de solo, correção, definição do tipo ideal de semente. “A gente perde um tempão fazendo de um jeito e depois descobre que estava tudo errado”.

Dona Miguelina Bondespacho, 55, observa revoltada: “Não temos as mínimas condições de manter uma roça desse jeito. E ainda temos que ouvir que não gostamos de trabalhar, que a roça se perde porque somos preguiçosos”. Em sua geladeira, só água, ovos, um bolo caseiro e leite. Dona Dalva Salomé é a mais brava e não mede palavras para cobrar apoio da Prefeitura. "Nós estamos aqui peados, de mãos amarradas". Sem saída, Miguelina se desloca duas vezes por semana atéa Cuiabá para fazer faxina. Ganha 50 reais por cada dia, mas tem que pagar 18 reais de coletivo.




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