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Economia
Quinta, 10 de fevereiro de 2011, 15h28

Volta às Aulas pode trazer incremento de mais de 50% para livrarias


Período de grande movimentação no comércio, o início deste ano tem sido de bons resultados para as livrarias de Cuiabá. “A volta às aulas é um ótimo exemplo de como eventos e datas específicas movimentam o mercado – como Carnaval, Natal, Páscoa, Dia dos Namorados, etc. Pode significar até mais de 50% de incremento nas vendas sazonais, se somarmos não só o aumento na comercialização de livros didáticos, mas também de materiais de papelarias – cadernos, lápis, tintas, estojos, pastas escolares, etc.”, afirma o vice-presidente da CDL Cuiabá, João Batista Rosa.

 

O gerente da Rede de Livrarias Janina, Erlon Sales, confirma a expectativa de João Rosa. Ele garante que o período entre janeiro e abril pode significar mais de 50% de incremento na loja central da Rede, entre livros didáticos, técnicos e literários. “Em janeiro a grande maioria das nossas vendas são de livros didáticos, mas em fevereiro, com a volta as aulas das universidades, a procura por literários e técnicos começa a crescer”.

 

Os meses de janeiro, fevereiro e julho também representam um aumento considerável nos trabalhos realizados pela KCM editora e gráfica que trabalha mais o foco em livros para cursos profissionalizantes. De acordo com a diretora Margareth Paesano, a empresa, que é “100% cuiabana”, opera há quase 11 anos e as suas publicações são encontradas em todo o País. “Nós tivemos um crescimento de cerca de 15% em 2010, com uma média de 290 mil livros vendidos. O aumento em véspera de volta às aulas, é bem significativo também”.

 

Para Margareth, o mercado mato-grossense tem melhorado nos últimos anos. “Há muitos escritores conceituados no estado e as pessoas estão cada vez mais conscientes de que a informação, o conhecimento adquirido por meio dos livros é o bem maior que se pode ter”, afirma.

 

Valdirene Campos, gerente da livraria Adeptus há sete anos, acredita que as vendas foram melhores durante o ano passado. “Nós verificamos aumento no início de 2011 sim, mas em 2010 o número foi bem maior”. Para ela, esse pode ser um reflexo do reajuste de cerca de 6% que os livros tiveram neste primeiro período do ano que, segundo a Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares, se deve ao alto custo de produção desse material.

 

Independente de valor, segundo a gerente de custos e compras Márcia Izidoro Pereira, leitora assídua, o consumo de livros é uma questão também de hábito em que os adeptos, “ou viciados”, como ela diz, acabam investindo frequentemente. “Sejam de romances ou de auto-ajuda, não importa o estilo, quem gosta de ler, geralmente, o faz todos os dias e, por isso, sempre compra mais livros”. Ela lembra ainda que os chamados livros de ”segunda mão” é opção neste consumo freqüente.

 

O empresário Ari Albuquerque, sócio-proprietário do Bazar do Livro, explica que é notório o incremento de pessoas, ano a ano, buscando livros usados, que podem ser até 50% mais baratos que os não-usados. “Muito deste movimento se alia ao aumento dos preços de publicações novas”, define, concluindo que os leitores também buscam a relação custo-benefício nestas compras. Um apontamento interessante é a classificação de estilos literários mais procurados, o que demonstra a relação-mercado com a produção de filmes. Hoje o segundo tipo de literatura mais vendida nas duas lojas é o “Espírita”. Tendo em conta a repercussão do tema na TV aberta e cinema, isto explica, em parte, o aumento da demanda. “Já livros didáticos, trabalhamos do Ensino Fundamental II ao 2º Grau, e eles significam 30% a mais nas vendas neste período Volta às Aulas”, coloca, esclarecendo ainda que o percentual significativo da literatura didática para as livrarias reduz a cada ano, “pois as escolas estão aderindo aos apostilados”.

 

Um fato curioso é revelado por Albuquerque. Na descriminação de estilos, os mais vendidos são os na classificação “Literatura Estrangeira”, a exemplo do tradicional Sidney Sheldon. “Os nacionais, como Jorge Amado, estão esquecidos ou em queda nas vendas. Compra-se ainda aqueles que são listados para as provas de vestibulares e Enem”, pontua, apontando que “Auto-ajuda” é a 3ª categoria mais vendida.

 

 

Hábito de Ler - O gerente da Livraria Janina diz que o número de livros técnicos vendidos poderia ser maior, mas segundo ele, dois fatores influenciam nesse sentido. O primeiro seria a universalização da informação, com disponibilidade de e-books (livros online), entre outros. “As pessoas conseguem encontrar muitas informações por meio da internet e acabam perdendo o hábito de adquirir livros”, afirma. Em segundo, ele aponta a falta de estímulo que seria provocada por professores, especialmente universitários, que disponibilizam livros para foto cópias nas instituições de ensino. “Não acredito que o motivo seja o preço dos livros, acho que os professores não estimulam mesmo os estudantes a formarem suas bibliotecas pessoais. Como resultado nós vemos o baixo desempenho do estado em provas como Enem e Exame da Ordem dos Advogados do Brasil”.

 

 

Embora os comerciantes locais percebam aumento no setor, a nível nacional o hábito de leitura tem sido pouco verificado. De acordo com o senso escolar do Ministério da Educação (MEC), cerca de 15 milhões de estudantes dos ensinos fundamental e médio, que representam 39% do total, frequentaram escolas sem bibliotecas em 2010. A Associação Nacional de Livrarias realizou um diagnóstico em 2009 e constatou 2980 livrarias em todo o país, que daria uma média de uma para cada 64.255 habitantes. O ideal, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), seria uma livraria para cada 10 mil habitantes.

 

Em contra partida, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE, afirma que o índice de leitura no Brasil aumentou 150% nos últimos dez anos. Passou de 1,8 livro por ano em média, para 4,7. Nem sempre técnicos, mas variados. O vice-presidente da CDL, João Rosa, afirma que, ano a ano, com o crescimento da classe média brasileira e melhoria da renda da população em geral, o número de livros não-didáticos – romances, auto-ajuda, de negócios, entre outros, tende a aumentar.




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