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Economia
Domingo, 16 de outubro de 2011, 12h47

Produtividade estaciona e salários pressionam indústria


O custo da folha de pagamento salarial cresceu na indústria e deixou de ser amenizado pelos ganhos de produtividade. Cálculos feitos a partir das pesquisas de produção e emprego industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que no acumulado de janeiro a agosto de 2011 a produtividade industrial cresceu apenas 0,1%, enquanto os gastos com salários subiram 5,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa relação foi bem mais equilibrada em 2010 - na comparação com 2009, a produtividade cresceu 6,1% enquanto a folha de pagamentos encareceu 6,8%.

Economistas consultados pelo Valor dizem que o momento não é grave, mas concordam que o governo deve estar atento a esse cenário, principalmente com a indexação do salário mínimo ao Produto Interno Brasileiro (PIB) dos dois anos anteriores. "Essa diferença entre produtividade e folha de pagamentos é um efeito retardado do crescimento industrial em 2010. A indústria está pagando hoje o aumento de produtividade do ano passado porque os efeitos no salário são sentidos com defasagem", diz Julio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

"Com o aumento da produtividade, o ganho é dividido entre a empresa e o trabalhador. Mas o salário só é negociado uma vez por ano", completa Renato da Fonseca, gerente-executivo de pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Se a indústria continuar desaquecida e os salários crescerem puxados pelo PIB, teremos problemas", diz Fonseca.

O raciocínio é o mesmo para períodos de recessão. O empresário, ciente do custo decorrente da demissão de um funcionário, primeiro vê as perdas em produtividade e depois começa a reduzir o número de empregados. "Quando a indústria começa a crescer, o empresário não contrata imediatamente. Em situações adversas, antes de demitir o empresário pode diminuir a produção ou dar férias coletivas", afirma o representante da CNI.

Na opinião de Gomes de Almeida, a "forte desaceleração da produção deixou os industriais reticentes quanto aos investimentos em modernização, que resultariam em ganho de produtividade". Para ele, a perda de eficiência e o aumento salarial neste momento pioram a percepção da indústria.

Para os economistas, as mudanças devem ser avaliadas dentro de períodos mais longos. Para o economista do Iedi, até o começo de 2012 deve haver uma reestruturação do processo produtivo para compensar a elevação do custo do trabalho apontando pelos dados do IBGE.

Os setores que sofrem com a concorrência dos importados devem estar mais alertas neste momento. "O custo-Brasil está prejudicando a produção interna. Os setores têxtil, de vestuário e de calçados estão entre os mais afetados pela concorrência externa e têm coeficiente de mão de obra muito relevante", segundo Gomes de Almeida. Por isso, o choque na sua folha de pagamento ganha mais relevância, na opinião do consultor do Iedi.

A indústria têxtil perdeu 14,1% em produtividade na comparação entre o acumulado de janeiro a agosto de 2011 com o mesmo período de 2010. Nesse intervalo, a folha de pagamento real cresceu 3%.

O economista da CNI levanta outro problema relacionado ao custo do trabalho para a indústria. Em dólar, o salário médio do trabalhador no Brasil aumentou 100,7% entre 2005 e 2010, segundo levantamento da entidade. A desvalorização da moeda americana complica a competitividade do produto brasileiro no mercado externo. "O câmbio roubou, nos últimos anos, o crescimento da produtividade brasileira. O crescimento do salário sobre a produção não foi tão forte nesse período. O custo unitário do trabalho é puxado muito mais pelo dólar", diz Fonseca.
 




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