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Pesquisa/Tecnologia
Sábado, 11 de setembro de 2021, 07h57

Mulheres na tecnologia: ainda precisamos bater nessa tecla!


Alessandra Montini


Atualmente, as empresas de tecnologia sofrem com um problema crônico: falta de mão de obra qualificada. Esta é uma dor do setor. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), se esse cenário não mudar, o Brasil terá um déficit de 270 mil profissionais de TI e uma perda de receita estimada de R$ 167 bilhões até 2024.

No entanto, para esse problema tão cruel da área de TI, há soluções que podem resolver facilmente. Uma delas é aumentar a atuação das mulheres no mercado de tecnologia que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de apenas 20% atualmente.

Um número pequeno se considerarmos tudo o que as mulheres vêm conquistando nos últimos anos. Chega a ser estranho observar que o primeiro algoritmo a ser processado por uma máquina foi feito pela matemática e escritora inglesa Ada Lovelace, em 1843.

Além disso, tivemos Dorothy Vaughan, afro-americana que trabalhou na NASA e fez grandes feitos na década de 1950 dentro da corporação, Grace Hopper, que inventou o primeiro compilador e levou ao desenvolvimento do COBOL e a Margaret Hamilton, diretora do laboratório do MIT responsável pelo desenvolvimento do programa de voo utilizado pelo projeto do Apollo 11 – a primeira missão que nos levou à lua. E mesmo com tantos exemplos importantes ainda estamos distantes de ocuparmos um lugar de destaque e protagonismo.

Pode até ser que você nunca tenha ouvido o nome dessas mulheres e, quando falamos da criação de todo o universo tecnológico, venha em mente apenas Bill Gates ou Steve Jobs. Claro que são pessoas chaves no desenvolvimento tecnológico, mas é preciso lembrar daquelas que também fizeram muito para construir essa história e deixaram um legado.

Virar a chave é o caminho

A questão é que a desigualdade persiste até os dias de hoje e não é tão simples mudar esse cenário. Temos questões culturais já enraizadas, em que ligamos os cargos de tecnologia ao universo masculino e existe uma série de discursos para que as mulheres não se envolvam em tal profissão.

Essa é um das questões que mais dificulta a inserção das mulheres nesse mercado. Por isso, incentivar e trazer caminhos possíveis para que elas ocupem cargos e se qualifiquem é de suma importância e que merece estar na agenda não só das universidades brasileiras, mas também deve ser uma bandeira levantada pelas empresas, principalmente para que invistam em equidade de gênero.

Vale destacar que, segundo o IBGE, as profissionais de TI do sexo feminino têm grau de instrução mais elevado do que os homens do setor no Brasil, mas, mesmo assim, ganham 34% menos.

De acordo com a empresa de recursos humanos Revelo, a diferença de remuneração oferecida para homens e mulheres no setor de tecnologia era de 22,4% em 2017 e passou para 23,4% em 2019. Em números, a média da proposta de salário às mulheres em 2019 foi de R$ 5.531, enquanto a média para homens foi de R$ 6.829.

Uma diferença gritante e que mostra o quanto o mercado precisa amadurecer para receber as mulheres que querem se dedicar a uma carreira na área de tecnologia. De acordo com uma pesquisa realizada pela Yoctoo, consultoria de recrutamento e seleção especializada em TI, 63% das mulheres ouvidas dizem que é nas empresas onde o preconceito mais acontece. Para elas, o maior desafio é ter que provar sua própria competência técnica o tempo todo (82%). Na sequência, aparece a dificuldade em serem respeitadas por pares, superiores e subordinados do gênero masculino (51%).

Além disso, 49% destacam o preconceito de gênero dentro das empresas, 48% relatam a falta de representatividade feminina na área, como forma de inspirar mais mulheres a trilharem carreiras de tecnologia, seguido por 39% que ressaltam a falta de oportunidades nos processos seletivos.

Vencer o preconceito e alcançar as oportunidades

Mesmo diante de um cenário duro e com pouco incentivo, as mulheres têm, aos poucos, conquistado seu espaço. Dessa maneira, estamos assistindo mudanças importantes, pequenas, mas que devem ser celebradas. Nos últimos cinco anos, a participação feminina nas áreas de tecnologia cresceu 60% — passando de 27,9 mil mulheres para 44,5 mil em 2019, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Se a mudança continuar nesse ritmo, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acredita que, em dez anos, a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro deve crescer mais do que a masculina em muitos segmentos — a ciência e a tecnologia são alguns deles.

Ainda temos muita luta e esforço pela frente até chegar onde queremos. No caminho, precisamos quebrar alguns paradigmas, fazer mudanças culturais e combater a desigualdade de gênero. Mas aos pouco vamos vencendo e conquistando nosso espaço nesse mundo da tecnologia.

*Alessandra Montini é diretora do LabData, da FIA

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