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Política MT
Segunda, 17 de janeiro de 2011, 14h33
Puxão de Orelhas

Silval diz que Henry está no cargo 'para resolver o problema'


Alberto Romeu
PlantãoNews

O governador Silval Barbosa (PMDB) mandou um recado direto ao secretário de Saúde de Mato Grosso, Pedro Henry, a respeito das críticas que o mesmo fez sobre a atuação dos ex-titulares da pasta, que falou, via imprensa, de supostas irregularidades no setor. Também ponderou a atuação de Eder Moraes, secretário-chefe da Casa Civil, que saiu em defesa do ex-governador Blairo Maggi (PR), criticado indiretamente por Pedro Henry.

Conforme entrevista do jornal Diário de Cuaibá, Henry adotou uma postura severa em relação à Secretaria e vem lançando críticas ao atual sistema de saúde, segundo ele, prejudicado pela alternância de secretários nos últimos anos. Ciente do incômodo que tais críticas podem causar, , Pedro Henry diz que
 
Silval Barbosa comenta discussões entre Pedro Henry e Eder Moraes sobre a secretaria de Saúde. (Foto: Marcos Negrini)

não sabe se sua atuação será aprovada. "Se eu estiver incomodando muito, se tiver muita gente reclamando, incomodada, pode ser até que ele [Silval Barbosa] não me deixe ficar até o final deste mês”, admintiu Henry ao jornalista Jean Campos, do DC.

Perguntado sobre a postura de Henry e também sobre a conduta de Eder Moraes, o governador que participava de solenidade na sede da Agecopa, disse que "se o Estado gasta mal, ele [Henry] está lá [na secretaria de Saúde] para isso. E a conduta não é so para ele [Henry]. "Ele e outros secretários tem autonomia para melhorar a qualidade e os resultados" - disse Silval em aparente estado de desconforto e demonstrando que a fala de Henry foi inconveniente.

Sobre o fato de que Eder Moraes teria dado "um puxão de orelhas" em Pedro Henry, o governador amenizou dizendo que "não é um puxão de orelha. Ele está fazendo o papel dele, como secretário-chefe da Casa Civil".

Confira a entrevista concedida ao Diário de Cuiabá por Pedro Henry:

Citado em escândalos nacionais, Pedro Henry ainda comemora a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o absolveu da cassação por suposta compra de votos na Eleição 2006. O progressista não deixa de responder sobre o assunto. “A política é uma ciência que permite que você acuse sem prova e faça ilações sem você ter a responsabilização disso. Então, o que não aceito sob hipótese nenhuma é prejulgamentos”, rebate Pedro Henry.

Diário de Cuiabá – Depois de muitos anos em Brasília, o senhor assume um cargo no Estado. Quais foram as primeiras medidas adotadas na Secretaria Estadual de Saúde (SES)?

Pedro Henry – Ao invés de primeiras medidas, quero falar da minha percepção. Primeiro, percebemos um corpo funcional completamente desmotivado, pessoas que não tinham a autoestima voltada para estabelecer políticas de saúde pública. Isso em decorrência da alternância de secretários nos últimos anos. Nos últimos oito anos, passaram por aqui sete secretários. A alternância muito grande de comando desmotivou os servidores. Quando o governador me convidou, disse que precisava de mim como técnico, porque sou médico, como político, pela experiência, e a autoridade do mandato para promover as mudanças de que a Secretaria precisa. Com esses três argumentos, o governador me convenceu. Eu não pensava nem um pouco nisso, estava focado exclusivamente no novo mandato de deputado federal. Aceitei o desafio. Acho que, de todos os setores de atuação do governo, esse aqui é o mais grave. Estou na Pasta que vai exigir maior dedicação, empenho, profissionalismo e mudanças substanciais. Tudo isso porque a política que está colocada para a sociedade é uma política perversa. A política de saúde tem uma interpretação, por parte da sociedade, de ineficiência, de lacunas, de baixa qualidade do serviço. É uma unanimidade negativa. Isso precisa ser enfrentado e o governador deixou muito claro para mim que quer enfrentar.

Diário – No período eleitoral, a saúde foi um dos setores mais criticados do atual governo. Com isso, popularizou-se o termo ambulânciaterapia, atribuído ao fato de ambulâncias de todo o Estado “despejarem” pacientes na Capital. Como mudar essa realidade?

Henry – Antes de falar disso, queria explicar qual o problema que encontrei aqui. O problema que encontramos foi de gestão, não tem muita ciência para detectar o que está acontecendo. Temos um volume de recursos, perto de um bilhão de reais para este ano, que será aplicado em políticas públicas. É um recurso muito grande, que significa mais de 10% da receita do Estado. Quando você tem um ‘modus operandi’ que não consegue transformar em produto de saúde esse recurso, eu interpreto que está tendo um ralo por onde está escoando. Eu não estou falando de má-gestão ou má-intenção de alguém. Estou dizendo que o Estado está sendo ineficiente na aplicação dos recursos para garantir à sociedade uma política abrangente, includente e de qualidade. Fundamentalmente, nosso desafio é gastar bem aquilo que for disponibilizado. Nesse sentido, estamos fazendo um rearranjo completo, estamos repactuando tudo. Estamos contratando uma empresa de São Paulo que trabalha com softwares modernos na gestão de hospitais de todo o Brasil. Até o meio do ano, vamos reduzir até 30% o valor de cada medicamento que compramos. O sistema de gestão levava a uma majoração do preço. Vamos dar mais transparência, publicidade e eficiência. Tudo de forma eletrônica para permitir que qualquer um que tenha preço de qualidade possa vender para o Estado. Também vamos tentar evitar a judicialização. Ficamos muito expostos a preços que o vendedor colocar. Às vezes são marcas excepcionais e acabam cobrando o valor que desejam. Como é liminar, não tem jeito de negociar, de economizar. Mas vamos tentar reverter isso. Além disso, estamos chamando um a um os fornecedores e propondo uma repactuação com novo modelo que garanta ampliação do serviço e redução do preço nominal. Outro problema que queria narrar que é símbolo da má-gestão são as unidades de saúde estadual que prestam serviço para o SUS. Essas unidades prestam um serviço que nos custa oito vezes a tabela do SUS. Isso é uma prova inconteste da ineficiência do Estado. Os hospitais privados oferecem os serviços por três vezes a tabela.

Diário – O senhor tem ciência de que algumas declarações já causaram mal-estar no governo? Nesta semana, sem citar nomes, o secretário-chefe da Casa Civil, Éder Moraes, afirmou que não irá tolerar críticas à própria gestão que é de continuidade. O que o senhor acha disso?

Henry – Eu acho que as transformações que estamos produzindo e o modelo de gestão vai incomodar muita gente. Existem pessoas se beneficiando acima de uma relação comercial aceitável, enriquecendo, esquecendo que isso está causando um malefício muito grande a muitas pessoas que estão morrendo. Tem pessoas que precisam ser operadas de traumas ortopédicos, cirurgias em geral, que não estão recebendo este serviço por má-gestão do Estado. Então, entre incomodar alguém e optar pela sociedade, a minha opção é a mesma do governador Silval Barbosa. É optar em oferecer um serviço de saúde eficiente. Se vai doer em alguém, lamento profundamente, não é esse o interesse. Eu não sou caça às bruxas e não estou interessado em nenhum tipo de denuncismo. Só estou fazendo uma leitura, na nossa permanência, as portas estarão abertas, não há nada a esconder. Estou aqui sem receber salário porque recebo licença da Câmara Federal. Não uso nenhum funcionário do governo, uso meu próprio carro. Quero mostrar ao povo que podemos fazer uma saúde muito melhor, mas é lógico que vou precisar de apoio político e pessoas de boa intenção para promover as mudanças. Quero tirar a saúde pública da página sangrenta dos jornais para colocar numa página mais agradável que possa satisfazer a sociedade.

Diário – O senhor recentemente foi inocentado pelo Tribunal Superior Eleitoral de uma cassação por suposta compra de votos na eleição 2006. Também teve o nome citado em escândalos nacionais que envolvem esquemas de corrupção como a Máfia do Sanguessuga e o Mensalão. O senhor acredita que esta é a oportunidade de mudar essa imagem?

Henry – Quem participa do processo político sabe a perversidade que é a política. A política é uma ciência que permite que você acuse sem prova e faça ilações sem você ter a responsabilização disso. Eu pergunto a você, passei quatro anos sendo chamado de candidato cassado. Agora, o TSE falou que aquela cassação não valeu. Quem é que vai me ressarcir disso? Quem é que vai me indenizar? Quanto é que você está me devendo? A política, infelizmente, é isso. Então, o que não aceito sob hipótese nenhuma é prejulgamentos. A hora que isso tudo ficar esclarecido, o povo de Mato Grosso vai ver que eu não corri, não fugi porque tenho consciência tranquila de que não fiz nada, não devo nada, e por isso mesmo não vou pagar nada que não devo.

Diário – O senhor pretende usar sua gestão para isso?

Henry – Não! Eu quero usar minha gestão porque sou um técnico da área, um político que tem por trás 80 mil pessoas que apostam no trabalho. É em respeito a essas pessoas que estou aqui sofrendo muito porque vou ser malhado, porque estou contrariando muitos interesses. Se você vai colecionando inimigos, lá na frente você tem um exército contra você. Mas vou mostrar a Mato Grosso, com números, o upgrad que vamos fazer na saúde.

Diário – Voltando ao termo amabulânciaterapia, o senhor pretende estreitar o relacionamento com as prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande para solucionar o problema da superlotação?

Henry – O governador Silval Barbosa nos fez uma determinação e nós pactuamos. Etapa um, prioridade zero: tratar com eficiência da questão urgência e emergência na Capital metropolitana e dar suporte para isso. O que nós iremos fazer? Estamos ajudando a prefeitura de Cuiabá, vamos fazer um convênio ajudando na construção de mais sessenta leitos no pronto-socorro. Estamos viabilizando mais sessenta leitos, ao custo de R$ 1,5 milhão, no hospital Santa Helena. Estou levando essa proposta para o governador. Se for autorizado, isso já estará funcionando na rede em até dois meses. E tem mais: quero concluir o hospital metropolitano até maio. São 75 leitos. Estamos falando de quase 200 leitos novos, somente em Cuiabá e Várzea Grande. Quando é que ouvimos isso? Estou conversando com os secretários municipais para trabalharmos para solucionar o problema da saúde, que é de todos. Vamos implantar uma organização social de saúde que vai gerenciar os hospitais públicos de Mato Grosso com um valor bem mais baixo que o atual. Nos hospitais públicos de São Paulo e inúmeros estados essa experiência funcionou a contento. Com a sobra do recurso, vamos fazer novos programas. Além disso, vamos contratar serviços da iniciativa privada. O importante é atender a população com o serviço de que ela necessita. Se conseguirmos contratar um serviço melhor e mais barato, podemos oferecer mais serviço. Agora, se fizermos o serviço no modelo mais caro, meu dinheiro vai acabar e não entrego à sociedade o que ela precisa. Aí eu sou mau gestor, o bandido da história. Nós temos tudo para fazer isso de forma mais eficiente e barata. Mas volto a dizer que isso incomoda muita gente.

Diário – Então, o senhor pretende ficar os quatro anos deste governo para colocar em prática este planejamento?

Henry – Eu não sei se vão me deixar, isso não depende de mim. Tem que perguntar para o governador se ele vai me deixar. Se eu estiver incomodando muito, se tiver muita gente reclamando, incomodada, pode ser até que ele não deixe ficar até o final deste mês. Eu sei o que tenho que fazer se ficar. Se eu ficar, vou seguir este rumo.

Diário – O planejamento inclui também a implantação das Unidades de Pronto- atendimento, as Upas, uma promessa de campanha do governador Silval Babosa?

Henry – As Upas são projetos municipais. Dez prefeituras interessadas já se cadastraram. Estou especialmente empenhado em acelerar a implantação de duas unidades em Cuiabá e uma Várzea Grande. Além do recurso que vier do Ministério da Saúde, traçamos uma estratégia para o Estado assegurar a contrapartida. Posso voltar a falar da ambulânciaterapia para concluir a ideia?

Diário – Como preferir.

Henry – Se não fizermos uma política de regionalização dos serviços de saúde, uma hierarquização do que vai ser feito lá na ponta até aqui na Capital, todo mundo vai sair do interior e vir pra cá porque não encontra no meio do caminho o que precisa. Por exemplo, não temos no Vale do Araguaia tratamento para oncologia, terapia renal. A alternativa é vir para Cuiabá ou ir para Goiânia em busca de atendimento. Enquanto não regionalizarmos os serviços, não vamos resolver os problemas. A nossa ideia é fazer esse choque de gestão aqui dentro da secretaria, na condução da urgência e emergência na Baixada Cuiabana e, o terceiro passo, a regionalização.

Diário – O PP está satisfeito com o espaço reservado pelo governador Silval Barbosa na administração?

Henry – Eu acho que tivemos um desempenho eleitoral fantástico, estamos crescendo ano a ano. Não espero cargos, mas que a valorização durante o processo político possa ser uma constante entre nós. Nem eu, Eliene e Antônio Azambuja nos preocupávamos em ocupar espaço ou comandar secretaria. Acho que cada um de nós tem experiência para contribuir, estamos com esse espírito. O que me importa é o que temos feito nos últimos anos. Queremos participar do governo e ajudar a construir um futuro melhor. Foi como ajudamos Blairo Maggi a fazer e faremos com o Silval.



17/01/11, 16:31
Pedrinho disse:

Por traz do Pedro Heny tem quem? Tem Zériva que sabe como ninguyem mexer o tabulero do jogo politico... se Sinval viajar nessa dupra ele dança.


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