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Política MT
Terça, 14 de junho de 2011, 17h23
Entrevista

Jayme cogita disputar Paiaguás em 2014 e critica briga em VG


Ex-prefeito de Várzea Grande, ex-governador e atual senador da República, Jayme Veríssimo de Campos anuncia sua intenção em disputar novamente a prefeitura de Várzea Grande. Ele criticou o quadro atual, onde em menos de 30 dias o município teve três prefeitos. Jayme concedeu entrevista ao jornal eletrônico RDNews, onde é referenciado como um dos senadores mais influentes no Congresso Nacional. Presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), por onde tramitam temas importantes para a vida nacional, como o recém-lançado Plano Brasil Sem Miséria, pela presidente Dilma Rousseff.

"Ele também é membro titular das comissões de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e da Mista de Orçamento (CMO) e vice-presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, além de suplente em outras quatro comissões permanentes da Casa" cita a entrevista, onde Jayme faz um breve balanço dos trabalhos nesses colegiados e analisa o quadro político em Várzea Grande, sua base política, e em Mato Grosso. Revela que tem elementos para afirmar que os estragos provocados pelos atuais gestores terão, no mínimo, uma década para serem consertados em Várzea Grande. Além disso, já cogita a possibilidade de ser candidato a governador em 2014. Confira a entrevista:

 

O senhor preside a Comissão de Assuntos Sociais (CAS), é vice presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e é titular das comissões de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e a Mista do Orçamento (CMO). Como está sendo desenvolvido os trabalhos nesses colegiados?

Jayme Campos – Eu tenho procurado realmente fazer um trabalho operoso e acima de tudo que possa chegar a resultados positivos. A CAS é uma comissão importante, que trata de assuntos sociais do Brasil. Ali passa não só a indicação de diretores da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), como se discute as políticas da previdência social, dos planos de saúde, de alimentação, remédios, regulamentação de profissões, enfim, é uma comissão muito ampla. Quando nós assumimos a CAS, existiam 200 projetos e hoje praticamente 80% já foram distribuídos para ser relatado. Na CRA tenho defendido, sobretudo, os interesses de Mato Grosso, no que diz respeito à agricultura, à pecuária e à agricultura familiar. Quero uma audiência pública para debater o biodiesel, um programa que foi implantado no governo Lula e que agora lamentavelmente está se exaurindo diante da ação dos grandes produtores de biodiesel que estão sufocando os pequenos.

 

A presidente Dilma lançou esta semana o Plano Brasil Sem Miséria. Em que a CAS pode contribuir para que ele tenha sucesso?

Jayme – A CAS aprovou e acabou de ser aprovado no plenário do Senado o projeto de lei que cria o Sistema Único da Assistência Social (Suas). Esse sistema vai dar suporte ao Brasil Sem Miséria. De nossa parte nós estamos debatendo não apenas na comissão, mas também nas suas subcomissões que foram criadas, todos os temas relacionados ao combate à miséria. Estamos também discutindo a questão da droga, por exemplo. Esta subcomissão, composta de cinco senadores, está fazendo um trabalho muito interessante. O presidente é o senador Wellington Dias (PT-PI) que tem articulado audiências públicas e buscado informações sobre esse problema em todo país. No final essa comissão elaborará um documento com as propostas de solução do problema para o Poder Executivo. Também vamos convidar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para vir debater conosco, já que ele defende a descriminalização do usuário e queremos debater sobre essa sua visão.

 

E qual é a visão do senhor sobre a descriminalização do usuário de drogas?

Jayme – Eu acredito que a sociedade brasileira ainda não está preparada para a descriminalização. Eu penso que temos que fazer um trabalho de conscientização do ponto de vista da prevenção. A partir daí nós podemos discutir a ideia. Nós temos observado que nos países onde está acontecendo não tem dado certo. Tanto é verdade que Portugal está querendo rever, assim como na Espanha e na Holanda. O que se percebe aqui no Brasil é que está se investindo muito pouco, tanto no combate ao tráfico de drogas como no combate aos efeitos perniciosos que as drogas acometem aos usuários. Nós temos apenas 253 unidades para tratamento de usuários em todo o Brasil. Só 253! Para um país dessa dimensão, com essa população e num momento que o consumo tem crescido assustadoramente. Eu acho que este é um problema mais urgente. É minha opinião como cidadão. Como parlamentar quero ouvir outras opiniões para nós aqui tomarmos a decisão que for melhor para a sociedade.

O projeto de Código Florestal já está no Senado e começa a tramitar por três comissões, uma delas a de Agricultura e Reforma Agrária. Como está essa tramitação e qual o posicionamento do senhor a respeito do projeto?

Jayme – Eu acho que é o primeiro projeto sério que chega nesta legislatura para nós debatermos, tendo em vista que quase nada de projeto o Congresso Nacional debate, na medida em que aqui viramos meros carimbadores de papel, no caso as medidas provisórias que o governo manda. Nesse caso, é um projeto importante na medida em que temos um Código de 1965 e está muito defasado. Agora nós teremos a oportunidade ímpar de fazer as correções. De lá para cá, nesses 46 anos, a coisa avançou, o Brasil se transformou bastante no campo. O que foi aprovado na Câmara está de bom tamanho, pelo trabalho magnífico do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), que se propôs a debater com a sociedade brasileira, que se lançou a campo em mais de 70 audiências públicas por todo o Brasil e formulou um relatório que pensa no país como um todo, respeitando as particularidades de cada Estado e de cada região. De maneira que eu acho que temos aqui um momento ímpar de aprovar um Código Florestal que respeite o cidadão brasileiro, com segurança jurídica para o homem do campo.

A reforma política é outro tema que tem avançando bastante aqui no Congresso Nacional e, inclusive, a comissão especial do Senado já elaborou os projetos que estão tramitando na Comissão de Constituição e Justiça e devem ir a plenário em breve. Como o senhor está se posicionando a respeito?

Jayme – Tem alguns pontos que são importantes, mas tem outros que são penduricalhos. Por exemplo, a data de posse do presidente e de governadores. Isso não precisava nem de reforma política, é uma coisa que não tem nada a ver. Mas eu defendo, por exemplo, a tese da necessidade de diminuirmos o número de partidos políticos no Brasil. Aqui é um excesso de partidos e a maioria é balcão de negócios. Segundo: tem que acabar com as coligações na proporcional. Tem gente que tem 40 mil votos e perde para quem tem só mil votos. Isso é uma distorção. Outro ponto importante: o financiamento público de campanha. Sou a favor. O voto distrital. Enfim, são muitas questões e vamos aguardar os projetos virem para discussão em plenário.

 

Está chegando 2012. Como será a disputa lá em Várzea Grande? O DEM terá candidato?

Jayme – Primeiro eu acho que temos que aguardar para ver como vai ficar a reforma política.

 

O senhor acredita que será aprovada em tempo para valer para 2012?

Jayme – Tem que valer. Ela tem que ser aprovada no máximo até agosto para ser sancionada e valer para 2012, para as eleições de prefeitos e vereadores. Caso contrário fica esse imbróglio todo em que o Supremo Federal e o TSE ficam legislando em relação à questão eleitoral. Isso não é concebível.

E quanto às eleições em Várzea Grande?

Jayme – O meu partido está com um projeto de reestruturar, de se revitalizar em Mato Grosso e, se possível, ter candidatura própria nas 141 cidades. Onde não for possível, vamos buscar coligações partidárias. Evidente que sempre respeitando aquilo que o partido prega. Além disso, queremos eleger um bom número de vereadores. Tudo isso para nos prepararmos para chegar em 2014 com força para darmos o próximo passo.

 

Como o senhor avalia a situação atual de Várzea Grande, com todos aqueles problemas envolvendo o prefeito, seu vice, a saída e o retorno deles aos cargos?

Jayme – É de se lamentar. Três prefeitos em 30 dias! Isso nunca houve na história de Várzea Grande. Desde a sua emancipação na década de 50, nunca Várzea Grande passou por um momento tão difícil como esse. Tudo isso pela falta de pulso e determinação para cuidar da coisa pública. Parece que estão tocando a prefeitura como se fosse uma coisa particular, deles. Deu no que deu. Não assumiram a responsabilidade que têm que ter um gestor público, lamentavelmente o alcaide da cidade deixou muito a desejar, deixou as coisas correrem muito à revelia. Isso é muito ruim, principalmente com uma cidade como Várzea Grande, com quase 300 mil habitantes, a segunda maior cidade do Estado. Mas esperamos que restabelecido o prefeito em seu cargo ele possa retomar as rédeas e colocar a cidade em seu devido lugar. Mas os rombos que estão deixando na cidade não são coisas pequenas. São coisas para mais de dez anos para se consertar.

 

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“É de se lamentar. Três prefeitos
em 30 dias! Isso nunca houve
na história de Várzea Grande”
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Então o problema é ainda maior?

Jayme – O estrago foi muito maior que a sociedade possa imaginar. Digo isso porque conheço bem a realidade ali. O que se mostrou é apenas a ponta do iceberg. É difícil. Mas nós temos que recuperar a cidade, que tem um potencial muito grande e uma importância para Mato Grosso que não se pode desconhecer.

 

E como o senhor avalia o governo Silval?

Jayme – É um governo que está se esforçando. É um governo que é a continuidade do Blairo Maggi e dele mesmo, até porque ele tinha assumido no lugar do Blairo quase um ano antes. Eu acho que agora ele assume de fato o seu mandato e tem todas as chances para fazer uma boa administração. Até porque Mato Grosso está com uma bela arrecadação, superando até as expectativas. Evidentemente que não se vai resolver todas as suas demandas, todos os problemas que tem, em apenas quatro, cinco ou oito anos. Mato Grosso precisa de bastante investimento para os próximos 20, 25 anos. Do contrário não resolveremos todos os seus problemas, como os da saúde, da educação e da segurança pública. Seria falso, por exemplo, dizermos que a saúde pública de Mato Grosso é uma maravilha. Não é. Eu acho que o governo federal tem que fazer também a sua parte, que é transferir mais recursos. Nessa questão da saúde, a União está deixando a desejar. Nós temos aí a regulamentação da emenda 29, que definirá os percentuais para investimento na área e a lei não sai da Câmara porque o governo federal não quer. A União investe algo em torno de 2% ou 3% de seu orçamento, coisa insignificante, enquanto os Estados e Municípios são obrigados a investir muito mais.

 

Em 2014, como o DEM vai se posicionar?

Jayme – Temos que analisar nosso desempenho nas eleições municipais não só em Mato Grosso como em nível nacional. É aquela velha história: as eleições de 2014 passam pela de 2012. Temos que avaliar o nosso desempenho e o desempenho dos nossos atuais aliados, o PSDB, o PPS e outros em nível nacional também. Diante de tudo isso é que se vislumbra termos uma candidatura própria em Mato Grosso, que pode ser também em coligação com nossos aliados. Agora, é preciso reconhecer que hoje nós estamos fracos. Nas eleições do ano passado nós tivemos um desempenho pífio e não só em Mato Grosso. Mas eu acho que as coisas vão mudar. Todos os partidos têm que trabalhar, reestruturar, criar um elo maior com a sociedade, criar realmente um pacto com a sociedade. Temos que repensar nosso discurso, nossa atuação no Congresso. Mas hoje eu acho que nós temos tudo para chegarmos em 2014 em condições de termos um nome para disputar as eleições.

 

O senador Jayme Campos seria esse nome?

Jayme – Eu acho que é natural, modéstia parte falando, que meu nome seja lembrado. Eu vejo que meu nome tem um recall muito grande, já que fui prefeito três vezes, fui governador e me elegi senador com votações expressivas. Sou grato ao povo de Mato Grosso porque sempre confiou em mim e me deu essas votações.

 

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“Meu nome tem um recall muito grande.
Já fui prefeito 3 vezes, governador e
me elegi senador com votação expressiva”
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Então o senhor não descarta a possibilidade de ser candidato em 2014?

Jayme – Ninguém pode descartar nada nessa vida. Até porque eu estou na ativa, estou na política e tenho muito ainda para contribuir.

 

O senhor não pensa em pendurar as chuteiras, como anunciou o senador Blairo Maggi?

Jayme – Olha, eu acho que essa história do Blairo de abandonar a política não é séria. O Blairo é um político importante, deu e ainda tem muito a dar por Mato Grosso. Eu não acredito que ele vá abandonar. Talvez seja o que ele pensa agora. Mas vamos ver mais lá para frente. Não acredito.

 

O DEM chegou até a ser ameaçado de extinção, com a criação do PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, mas nos parece que essa possibilidade se desfez. O partido vai mesmo resistir?

Jayme – É preciso reconhecer que o PSD é um partido que chegou com uma robustez. Tem cerca de 40 deputados federais, teve a adesão de dois governadores, tem dois senadores da República, vários deputados estaduais, vários prefeitos. Entretanto precisamos saber de que lado o PSD vai estar. Qual é de fato o compromisso desse partido, se é direita, se é centro, se é esquerda. Se será oposição ou situação. Até agora ninguém entendeu. Mas o PSD não ameaçou o DEM como muito gente imaginava. Isso em nível nacional, que perdemos uma ou outra liderança importante. Já em Mato Grosso não sofremos nada, porque praticamente o PSD está se formando com o pessoal do PP ligado ao deputado José Riva. E o partido chega forte, justamente por causa do Riva, que é hoje, individualmente, o político mais forte de Mato Grosso.

 

E em relação à fusão DEM, PSDB e PPS, o senhor acha que isso é ainda possível?

Jayme – Matéria totalmente vencida. Hoje não há mais nenhuma possibilidade disso. Já discutimos isso dentro do partido, acabei de vir de uma reunião da direção nacional, da qual faço parte, e essa é uma questão totalmente descartada.




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