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Polícias
Segunda, 04 de julho de 2011, 09h34
Entrevista

Delegacia atua na repressão às organizações criminosas do tráfico


A Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes, da Polícia Civil de Mato Grosso, foi reativada em dezembro do ano de 2008, com a missão de atuar no combate ao tráfico de drogas. De lá para cá, a Especializada já desarticulou quadrilhas com forte atuação no Estado de Mato Grosso e ramificações em outros estados.

Apreendeu entre os anos de 2009 e 2010, cerca de 2,5 toneladas de drogas e encaminhou à Justiça 1.040 procedimentos policiais (inquéritos e TCO). Nos cinco meses de 2011, já foram apreendidos 254 quilos de drogas e concluídos 374 inquéritos policiais relativos a 335 presos em flagrante e por mandados de prisão.

No início do mês de julho, a DRE interceptou um carregamento de 170 quilos de pasta-base, camuflado no assoalho de uma carreta carregada com 27 toneladas de sucata, que seriam entregues no Estado de São Paulo. Na quarta e quinta-feira (29 e 30.06) passada, realizou em parceria com vários órgãos uma grande ação de repressão ao tráfico e prevenção ao uso de drogas, na região do bairro Alvorada, em Cuiabá. A operação “Rosa dos Ventos” retirou 23 dependentes químicos das ruas, que foram internados para tratamento e reinserção social.

À frente da Delegacia Especializada de Repressão à Entorpecentes há quase dois anos, a delegada titular, Cleibe Aparecida de Paula, nesta entrevista, fala do trabalho desenvolvido na repressão qualificada às organizações criminosas e ao tráfico de drogas doméstico, da constituição das quadrilhas e do combate as bocas de fumo.

1. Quais as estratégias da Delegacia de Entorpecentes para combater ao tráfico de drogas?

Delegada Cleibe: Temos algumas frentes dentro do Plano Estadual de Segurança Pública. A Delegacia vem atuando de uma forma efetiva, naquilo que agente denomina como ‘boca de fumo’. Além disso, a Delegacia atua dentro do caráter de ser especializada, dando andamento a investigações mais elaboradas, as quais nos permitem alcançar maiores organizações criminosas relacionadas ao tráfico de drogas.

2. Qual é o foco de atuação da DRE?

Delegada Cleibe: Considerando que é uma Delegacia de Polícia Especializada, o nosso foco realmente é alcançar a repressão qualificada, identificando os fornecedores de droga, as quadrilhas que estão atuando no Estado, objetivando prender essas quadrilhas e apreender o maior número de drogas.

3. Como as quadrilhas de tráfico de drogas estão atuando no Estado de Mato Grosso?

Delegada Cleibe: As quadrilhas já identificadas apresentaram a seguinte estrutura organizacional: há sempre envolvimento de presidiários, os quais têm aqui fora seu braço direito, que é responsável por toda articulação criminosa, ou seja, é responsável em arrecadar o dinheiro para aquisição da droga, que se dá em forma de consórcio, a qual, após ser adquirida, é manipulada e distribuída aos fornecedores, para a comercialização nos diversos pontos de venda de drogas.

Alguns dos membros das quadrilhas se revestem de alguma atividade lícita, na grande maioria, de comerciantes que exercem a atividade laborativa paralelamente à atividade criminosa. O abastecimento das bocas de fumo se dá tanto na Baixada Cuiabana quanto no interior do Estado. A maioria das contas correntes utilizadas para o tráfico são das companheiras ou familiares dos traficantes. Outra peculiaridade é a utilização de adolescentes na função de “mulas”, principalmente, para o transporte da maconha, que por sua vez é transportada em ônibus ou em veículos populares.

4. Percebemos que as quadrilhas atuam cada vez mais como empresas, dentro de uma organização interna e financeira. A investigação policial tem conseguido chegar à origem do dinheiro sujo do tráfico?

Delegada Cleibe: A medida que a polícia identifica algum patrimônio que foi adquirido e que tem suspeita que possa ter sido adquirido através do tráfico de droga, agente tem pedido medidas de arresto. Isso ainda não alcançamos, mas é nosso objetivo principal neste ano, alcançar a lavagem de dinheiro, o crime de lavagem de dinheiro, identificando as empresas que estão ligadas ao tráfico de drogas.

5. Porque se vê tantas mulheres envolvidas com o tráfico de drogas. É possível afirmar que a atividade virou um negócio familiar?

Delegada Cleibe: Hoje no tráfico de drogas existem vários fatores que influenciam, e tem cada vez mais participação ativa das mulheres. Além de ser uma atividade rendosa, muitas vezes não só da mulher, mas também, da família, de forma que as pessoas têm o tráfico de drogas, se não uma atividade única, mas como um auxílio na renda doméstica. É algo a mais que as pessoas conseguem para o sustento da família.

6. Como tem sido a atuação da Polícia Civil, em especial da DRE, na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia?

Delegada Cleibe: A Polícia Judiciária Civil conta com uma delegacia de fronteira que ainda não foi efetivada, mas implicitamente está localizada aqui em um dos setores da DRE, de forma que atua com um delegado, especificamente de fronteira, e a maioria dos nossos trabalhos de interceptação telefônica é voltado para a região da fronteira, objetivando alcançar essa organização criminosa que atua na região fronteiriça.

7. Como às denúncias de tráfico de drogas feitas pela população são aproveitadas nas investigações?

Delegada Cleibe: Essas denúncias assim que chegam ao nosso conhecimento imediatamente são cadastradas, no banco de dados do núcleo de inteligência, que faz uma análise da denúncia cadastradas. A partir desse processo são expedidas ordens de serviços aos investigadores vão in loco, para fazer a apuração e o levantamento dos fatos. Havendo indícios da prática do tráfico de drogas, representamos por medida cautelar e realizamos as buscas e apreensões.

8. As bocas de fumo têm sido alvos constantes de ações das polícias. Quais as dificuldades para se reprimir esse tráfico doméstico?

Delegada Cleibe: Agente observa pelas denúncias formuladas e pelo trabalho feito nas ‘bocas de fumo’, que muitas dessas bocas são destinadas ao uso de drogas. Detectamos a maioria das pessoas que frequentam e às vezes percebemos que quem mantém as bocas de fumo também é usuário de droga. Então, achamos que há uma deficiência nessa repressão, na questão de dar o encaminhamento a esse usuário. Na maioria das vezes, não há como se lavrar um flagrante de tráfico de drogas e também não há como você encaminhar esse usuário para um tratamento, para um tratamento efetivo.

Por conta da fragilidade das provas, a maioria das pessoas presas em bocas de fumo, com comércio intensivo e robusto, de dois a três meses estão na rua de novo. É colocada em liberdade e volta na mesma prática criminosa. É aí que está a nossa maior dificuldade de realmente fechar as bocas de fumo. Quando conseguimos fechar, o que se percebe é que há uma grande migração, pois eles só mudam de endereço e o tráfico continua, porque a pessoa só tem aquilo como atividade laborativa.




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