Revista digital independente denuncia censura do governo de Cuba

O governo de Cuba bloqueou o acesso na ilha à revista digital independente El Estornudo, segundo denúncia de jornalistas da publicação. As autoridades cubanas, informaram os comunicadores, também têm impedido que leitores vejam outros veículos, como os sites 14ymedio, Diario de Cuba, CiberCuba e Café Fuerte.

“O governo cubano decidiu bloquear o acesso direto à revista no território nacional, fazendo-nos perder não só uma quantidade considerável de leitores, mas também uma boa parte de nossos leitores fundamentais, aqueles para os quais El Estornudo provavelmente cumpria uma função mais vital, cidadãos que padecem sob o cinza informativo dos meios de propaganda do Estado”, criticou a revista em seu site.

O diretor editorial da publicação, Carlos Manuel Álvarez, disse que a repressão é uma represália a olhar crítico da revista, além de certa relevância adquirida na ilha. Para o jornalista, colaborador do “New York Times”, a solução é buscar outras vias de distribuição, informou o jornal O Globo. “Não podemos fazer nada. Apenas distribuir conteúdos por meio de assinaturas por e-mail. É uma mensagem sobretudo política, que é ser considerado o inimigo. Creio que é o resultado do acúmulo de conteúdos ao longo de dois anos”, afirmou.

El Estornudo completa dois anos de existência em março. A publicação faz parte de um grupo de veículos alternativos editados por jovens jornalistas, aproveitando os avanços do acesso à internet na ilha a partir de 2015. No ano passado, uma reportagem da revista, intitulada “História de um pária” — sobre o travesti Farah, “o filho não desejado da Revolução” — ganhou o Prêmio Gabriel García Márquez de Jornalismo na categoria texto.

ANJ