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Sexta, 26 de maio de 2017, 20h00

BRF avalia impacto de suposta espionagem de rival JBS


A BRF está avaliando o impacto que suposta espionagem da rival JBS possa ter causado sobre suas operações, agora que revelações das delações premiadas de executivos da processadora de carne bovina envolveram divulgações de pagamentos de propina a conselheiros que atuavam dentro da maior exportadora de carne de frango do mundo. Antes do escândalo das delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, a BRF já considerava como inexplicáveis fatores como a velocidade com que a JBS entendia e replicava estratégias comerciais e de marketing da companhia, disse à Reuters uma fonte a par da situação na empresa. No depoimento de Joesley Batista, presidente-executivo da J&F e presidente do conselho da JBS, à Procuradoria-Geral da República (PGR), dois ex-conselheiros da BRF -Luis Carlos Fernandes Afonso e Carlos Fernando Costa- são citados como beneficiários de propina paga pela JBS enquanto eles tinham lugares no conselho de administração da BRF.

 

De acordo com a fonte ouvida pela Reuters, nenhuma medida judicial foi tomada ainda pela BRF, mas a empresa está investigando que estratégias e áreas teriam sido eventualmente afetadas pelas suspeitas de espionagem. A JBS compete com a BRF principalmente por meio da marca Seara, de alimentos prontos e congelados. "Nosso grande desconforto hoje... é em que medida se tratou do comportamento de dois indivíduos e em que medida era uma coisa feita no interesse de uma organização maior, o que, então, poderia sim envolver acionistas e mais gente", disse a fonte, que pediu para não ter o nome citado. Luis Carlos Fernandes Afonso e Carlos Fernando Costa foram eleitos membros do conselho da BRF por indicação da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras. Afonso foi conselheiro da BRF entre 2009 e 2015, e Costa entre 2013 e 2015. A Petros é o maior acionista da BRF, com 11,4 por cento das ações até 16 de maio de 2017.

 

A Reuters tem tentado encontrar representantes de Afonso e Costa desde a quinta-feira, mas não foi possível contatá-los até a publicação desta reportagem. De acordo com a BRF, os mandatos dos dois ex-conselheiros se encerraram em abril de 2015 e eles não exerceram outras funções na companhia depois disso. Na última terça-feira, a BRF disse que recebeu com "muita estupefação" as delações envolvendo os ex-conselheiros e que avaliava entrar na Justiça para obter reparação por eventuais prejuízos causados pela JBS. A fonte ponderou que é normal em um determinado setor um concorrente seguir ações do líder de mercado, seu modelo de negócio. "Pode tudo ter sido uma grande coincidência, mas talvez não, até em virtude do que sabemos agora pela delação dos executivos da J&F (holding que controla a JBS)", afirmou.

 

A "estranheza" da BRF com o comportamento da JBS, incluindo a velocidade de resposta da rival a estratégias comercias e de marketing da BRF, fez o grupo elevar há alguns meses o rigor com sua própria equipe, tanto em comunicados internos sobre a necessidade de cuidado com as informações da companhia, como aumentando ferramentas de mapeamento digital. Também foi criada uma "sala segura" para o conselho de administração da BRF, com blindagem de vidros e aparelhagem de segurança. "A avaliação era de que alguém de fora poderia estar ouvindo o que acontecia dentro do conselho... não se imaginava que o problema estava nesse nível", disse a fonte. No comunicado divulgado na terça-feira, a BRF pediu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que tome providências para apurar os fatos e as condutas dos dois ex-conselheiros, bem como peça esclarecimentos a outro ex-membro do colegiado, Ademir Bendine, em razão da relação dele com Joesley Batista.

 

Procurada pela Reuters, a JBS informou que recebeu as notificações da CVM e vai responder aos questionamentos dentro do prazo estipulado. "A companhia está cooperando completamente com as autoridades para solucionar as questões em aberto", disse em nota. Há ainda um pedido da BRF para que a CVM notifique a Petros para esclarecimento sobre as denúncias de pagamento de propina. Em nota, na véspera, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras disse que repudia qualquer utilização de posição na fundação para obtenção de vantagens pessoais. "Antes mesmo de qualquer comprovação que possa ser obtida no curso da investigação realizada pelas autoridades, as comissões internas de apuração em andamento na Petros e aquelas programadas pela administração da fundação darão maior foco aos investimentos decididos durante a gestão dos dirigentes mencionados", afirmou. A Petros acrescentou que tomará todas as medidas cabíveis para defender a reputação da entidade.

 

Procurada, a CVM afirmou que está analisando o pedido da BRF no âmbito de processo aberto nesta semana. A fonte evitou usar o termo espionagem para descrever as suspeitas sobre a rival, mas comentou que o caso pode ter repercussão nos Estados Unidos, já que pode despertar o interesse da SEC, órgão que fiscaliza os mercados de capitais norte-americanos, sobre a conduta da JBS em relação a suas concorrentes no país. "Os reguladores (dos EUA) vão estar bem interessados nos próximos meses em entender que comportamento é esse", disse a fonte. 




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