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Agro
Sexta, 17 de agosto de 2018, 08h31

Controle biológico é tema de audiência pública na Câmara dos Deputados


Os bioinsumos no Brasil e as políticas para o desenvolvimento do setor foi tema da audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (13) e contou com a participação da pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF), Rose Monnerat. Considerada uma prática antiga, com o primeiro relato de caso de sucesso identificado na Califórnia, nos Estados Unidos, a partir do uso do besouro para controlar a cultura dos citros, o controle biológico traz um conjunto de benefícios para a agricultura, como eficácia, pouca toxicidade aos animais e baixa poluição.

Para realizar o controle de pragas e doenças nas lavouras, podem ser usados vírus, bactérias e insetos e até mesmo os chamados feromônios, substâncias que os insetos produzem e utilizam na sua comunicação com os outros insetos da mesma espécie.

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De acordo com a pesquisadora, é possível fazer uso do controle biológico para quase tudo, como no controle a lagartas, besouros, nematoides, entre outros. Trata-se de um método racional e seguro, com grande potencial de utilização em programas de manejo integrado de pragas porque pode reduzir significativamente e, até mesmo, eliminar a utilização de defensivos químicos nas lavouras. “Temos hoje, inclusive, a aplicação de parasitoides nas lavouras por intermédio dos drones”, exemplificou Monnerat, lembrando que é uma tecnologia que está avançando muito no País.

“Em compensação temos também limitações, como o fato de os produtos não serem tão específicos, ou seja, não é possível utilizar apenas um tipo de controle para várias pragas. É preciso cuidados especiais no armazenamento, pois são organismos vivos que precisam ser transportados para as propriedades rurais para serem aplicados nas lavouras. Além disso, as aplicações devem ser feitas em condições específicas, levando-se em conta o clima e o estágio que a praga se encontra. Ou seja, é preciso interagir um pouco mais com a cultura para fazer melhor uso do controle biológico”, explicou a especialista da Embrapa.

O controle biológico pode ser utilizado nas áreas agrícolas, na veterinária e na saúde pública. Como exemplo de uso na saúde pública, Monnerat destacou o combate às larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zica, chikungunya e febre-amarela. Criado a partir da bactéria Bti (Bacillus thuringiensis israelensis), a Embrapa desenvolveu um produto inofensivo aos demais seres vivos e que não agride o meio ambiente.

Mercado de bioinseticidas
O mercado global de bioinseticidas movimentou US$ 3,4 bilhões, em 2016. Para 2021, a estimativa é de US$ 7,5, um crescimento da ordem de 17% ao ano, segundo estimativas apresentadas pela pesquisadora. “E o Brasil tem acompanhado essa tendência, o mercado de bioinsumo tem o maior potencial de crescimento”, acrescentou.

Atualmente, existem 96 produtos biológicos e extratos vegetais registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com 76 empresas atuando no setor e 220 novos produtos aguardando para serem analisados. Durante a audiência, os participantes destacaram a importância do decreto 6.913 de 23/7/2009 que permitiu o registro diferenciado de produtos de origem biológica para a agricultura orgânica, o que incentivou o fortalecimento de empresas que atuam nessa área e o crescimento do setor.

A Embrapa possui um portfólio de pesquisa dedicado ao controle biológico que envolve 147 pesquisadores distribuídos em 36 Unidades, com 254 projetos de pesquisa em andamento. Há ainda um banco de micro-organismos com 6 mil exemplares para controle biológico.

“O controle biológico é uma ferramenta importante para os programas de manejo integrado de pragas, mas dificilmente a gente vai usar apenas o controle biológico de pragas, porém, é uma tecnologia viável que necessita de legislação específica e também de mais pesquisas”, finalizou Rose Monnerat. Para a pesquisadora, além de mais pesquisas, também são necessários investimentos financeiros e mais equipe para trabalhar na análise dos processos de autorização de uso dos produtos.

Audiência pública
A audiência pública sobre o tema Bioinsumos no Brasil e as políticas para o desenvolvimento do setor faz parte do conjunto de debates que está sendo realizado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa a proposta de construção da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PL 6670/16).

Também participaram do debate a coordenadora de Agroecologia do Mapa, Tereza Saminês, o representante da Hatten Agrícola, Celso Tomita, o professor da Unesp de Botucatu, Edivaldo Velini, e a representante do Conselho Nacional de Saúde, Paula Johns.




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