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Agro
Quinta, 21 de fevereiro de 2019, 07h08

Embrapa sedia pela primeira vez a Abertura da Colheita do Arroz


Ariano Magalhães

Tem início nesta quarta-feira (20/02), a 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que apresenta uma grande vitrine de alimentos: o arroz que divide espaço com a soja. Um local que está preparado para receber mais de cinco mil visitantes, vindos de diversos municípios do Estado, além de outros estados e de outros países. É a primeira vez que o evento é sediado em Pelotas, nas dependências da Embrapa Clima Temperado, que transformou seis hectares de sua Estação Experimental de Terras Baixas (Capão do Leão,RS) para demonstrar o que a pesquisa agropecuária está fazendo pelo produtor e pela população. O evento se estende até sexta-feira (22/02), onde acontece a abertura oficial. O primeiro dia é marcado com o lançamento da nova cultivar de arroz irrigado BRS Pampa CL.

A Abertura da Colheita vai apresentar ao longo dos três dias de evento visitas às vitrines tecnológicas, visitas guiadas, fórum técnico, palestras, demonstrações de culinária, reuniões de representantes do setor, de empreendedorismo e assuntos ligados ao tema, assim como, a cerimônia institucional-política que acontece na sexta-feira (22/02) com a presença do governador do Estado, Eduardo Leite.

O destaque da abertura é a BRS Pampa CL

Um dos destaques do primeiro dia de evento é a chamada de BRS Pampa CL, o novo arroz destinado à Região Sul do Brasil, em ato conduzido pela Embrapa Clima Temperado, que irá fazer o lançamento oficial da cultivar às 16h30 dentro da programação do Fórum Técnico, realizado no auditório da Estação Experimental de Terras Baixas (Capão do Leão,RS). Após, será realizado um coquetel de lançamento da cultivar no estande institucional da Embrapa a base de produtos de arroz.

Quem é a BRS Pampa CL ambientalmente mais sustentável

A BRS Pampa CL é capaz de apresentar alta produtividade em solos mais pobres. Por reduzir o emprego de químicos e o uso de água, o novo cereal é ambientalmente mais sustentável. Classificado como arroz de grão nobre, ou premium, o produto apresenta, se bem manejado, altas taxas de grãos inteiros após o beneficiamento, cerca de 64%, característica ligada ao valor do produto do mercado.

A BRS Pampa CL é um resultado do projeto Melhoramento Genético para Produtividade e Qualidade dos Grãos da Cultura do Arroz no Brasil, Ciclo II,feito em parceria pelas unidades da Embrapa Clima Temperado (RS) eEmbrapa Arroz e Feijão (GO).Ela é oriunda da BRS Pampa, do grupo das cultivares precoces, colhida em média de 118 dias, e com produtividade média de dez toneladas por hectares.

É uma planta considerada moderna, com alta capacidade de perfilhamento e possui características exigidas pelo mercado como ter grãos tipo agulhinha, longo-fino, e seu maior destaque está na possibilidade de fazer parte do sistema "clearfield", que quer dizer, campo limpo. Ou seja, esta cultivar está apta a desenvolver-se em áreas com a presença de arroz vermelho, uma planta invasora que ameaça à lavoura por infestar os cultivos de forma agressiva.

Segundo o pesquisador Ariano Magalhães Júnior cerca de 80% de orizicultores do RS utilizam o sistema clearfield, o que vem garantindo o sucesso de adoção desta cultivar pela tecnologia abarcada. Conforme ele, a genética da BRS Pampa CL é quase a mesma de sua cultivar de origem. “Ela possui 99,7% do genoma da BRS Pampa", confirma Magalhães Júnior.

A nova cultivar é um resultado do retrocruzamento entre a cultivar comercial BRS Pampa e a variedade PUITÁ INTA CL, da empresa Basf, que é fonte de tolerância aos herbicidas do grupo das imidazolinonas. Com a BRS Pampa CL é derivada da BRS Pampa, é possível esperar resultados semelhantes a cultivar de origem. Então, pode-se dizer que ela utiliza menos herbicidas, pois além de diminuir o número de aplicações, que antes era feita em três ou mais aplicações, com seu uso, passa a fazer uma única aplicação, tendo a principal vantagem de obter maior eficiência na aplicação do produto.

"Apenas numa aplicação e a realização de um vôo de avião sob a lavoura é possível economizar cerca de 130 reais/ha", informa o agronômo, Felipe Matzenbacher, da Sementes Condessa (Mostardas,RS). Isto gera em 100 ha, 13 mil reais.

Em áreas menos férteis, em propriedades rurais localizadas na área litorânea do Estado, houve uma redução de 15% de água no período de irrigação. "A variedade BRS Pampa, em relação a variedade de ciclo médio, Irga 424 RI, por exemplo, semeada em grande proporção do Estado, teve essa taxa de economia. Quanto menor o ciclo de desenvolvimento da planta, menos água ela precisa, então como ela antecipa 15 dias antes o arroz, ela também usa 15% menos de irrigação na lavoura", revela Matzenbacher.

A BRS Pampa tem tido bons resultados nos últimos anos nas lavouras de arroz alcançando em algumas regiões cerca de 64% de grãos inteiros. Mas a quebra varia conforme a região, o manejo e o clima durante o enchimento dos grãos. "Quanto menor a quebra, mais bem remunerado é o produtor rural e mais rendimento de engenho trará dentro da indústria. Assim quanto maior o rendimento de engenho, mais valor agregado é gerado em toda a cadeia orizícola", explica o agronômo. E conforme Matzenbacher isso se deve a fatores genéticos da cultivar, que possui uma qualidade diferenciada com baixo centro branco.

Mesmo em outras regiões do Estado onde as condições não são tão favoráveis a BRS Pampa tem demonstrado genética superior quando comparada a outras cultivares que estão no mercado. Sendo assim, a BRS Pampa CL deverá ter excelente valorização sendo classificada como arroz premium. Outro destaque se refere ao apresentar baixo centro branco, ou seja, ou gesso, os quais são avaliados como parâmetros de qualidade industrial.

A BRS Pampa CL tem amilose alta e baixa temperatura de gelatinização, o que significa que em qualidade culinária os grãos serão macios e soltos no cozimento.

A cultivar mostrou também que utiliza menos adubação nitrogenada. Ela alcança bons patamares produtivos mesmo com a redução de 15% a 30% de uso de nitrogênio, dando maior sustentabilidade econômica e ambiental ao cultivo. A redução de nitrogênio também diminui a possibilidade de acamamento da lavoura. "O aumento de nitrogênio em cobertura favorece ao acamamento. Por isso, se utiliza menos adubação. Não podemos usar todo o nitrogênio que gostaríamos. É uma desvantagem no manejo, mas acaba trazendo benefícios, como economia no seu uso", destaca Felipe Matzenbacher.




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