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Agro
Quarta, 09 de março de 2011, 08h49

Abate Religioso: Indústria preparada


A maior exigência deste nicho milionário do mercado é o respeito à fé de árabes e judeus

 

Com um volume importado de US$ 236,67 milhões em carne bovina de Mato Grosso, o Oriente Médio se desponta como um mercado emergente para as exportações locais e se revela a cada ano um milionário nicho de consumo. A lista soma 11 países árabes e inclui também Israel. No total, árabes e judeus consomem 20% de todas as vendas de carne realizadas por Mato Grosso. Mas, para chegar a este patamar, a indústria regional teve de investir e avançar muito em tecnologia para se qualificar e atender mercados como o muçulmano e o judaico, conforme exigem as tradições religiosas desses países no que diz respeito à preparação da carne.

A explicação para isso é que alguns povos condicionam sua alimentação a preceitos religiosos. De qualquer forma, a indústria mato-grossense vem se especializando para atender às exigências desses mercados regidos pela fé.

Carnes com abate diferenciado, conhecido como halal, ganham espaço nas linhas de produção de grandes empresas. Na prática, o termo halal significa permitido para consumo, mas o conceito ultrapassa o simples consentimento, tratando de princípios que vão do respeito a todos os seres vivos até questões sanitárias.

“De fato, existe uma série de exigências quanto à forma de se abater o animal, por exemplo, bem como a questão da higiene do alimento, cuja preocupação estende-se ao bem-estar do animal, no caso dessas proteínas”, frisa o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Antônio Freitas Martins. Ele diz que toda a indústria do Estado habilitada a exportar carne para o Oriente Médio está adequada ao modelo exigido pelos mercados compradores. “Os países importadores mostram as regras e nós cumprimos à risca”, garante Martins.

Para os islâmicos, o ritual de abate do boi deve ser feito apenas pela degola, para garantir a morte instantânea do animal. No sistema tradicional de abate bovino, a insensibilização por meio de métodos que levam ao atordoamento deve ser feita antes da sangria. A “purificação pré-abate”, com a limpeza dos bovinos antes de serem abatidos, é uma das exigências no sistema halal.

Milton Belincanta, empresário do setor frigorífico do Estado, diz que a indústria mato-grossense está “adequadamente ajustada” para atender aos padrões de exigências internacionais preconizados pelos países do Oriente Médio. Ele conta que sua empresa – o Frialto – vende carne para todos os países árabes – à exceção da Síria - e que a “preferência deles” é por cortes de dianteiro. “Isso é bom para os frigoríficos, pois permite um equilíbrio das vendas entre os principais cortes do bovino”, esclarece. O Frialto exporta cerca de mil toneladas de carne para os árabes – aproximadamente 5% do volume produzido – com destaque para os Emirados Árabes.

Cada frigorífico tem na equipe um degolador e um supervisor de abate. A certificação do produto é feita por empresas especializadas. Antes da morte, o boi deve descansar, no mínimo, 12 horas "para não ficar agitado e esvaziar o estômago". Deve-se evitar, também, que tenham comido ração com proteína animal ou recebido hormônios. O “post mortem” também é regido pela doutrina e as carcaças halal são separadas das convencionais. O contato com o produto convencional é estritamente proibido, mesmo já embalado.

Eliel Júnior, do Frigorífico Quatro Marcos, diz que a planta está estruturada para atender às exigências sanitárias e religiosas, na forma do abate halal. “Fazemos como mandam os padrões mais exigentes, por isso temos uma boa clientela no mercado árabe-judaico”.

Diario de Cuiabá - Marcondes Maciel




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