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Agro
Sexta, 03 de junho de 2011, 22h47

Agricultores familiares do Norte de MT preocupados com a morte da brachiaria


O técnico agropecuário da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Itamar Andrade, alerta que 80% das áreas de pastagens estão morrendo nos assentamentos rurais Cachimbo um e dois, Padovani e São José União, localizados no Norte do Estado, nos municípios de Peixoto de Azevedo e Matupá. Pecuaristas com plantel de mais de 100 cabeças de gado estão sendo obrigados a alugar pasto para manter o animal. Caso o problema não seja solucionado, a previsão é que até 2016, não tenha mais capim Brachiaria brizantha (brizantão) e os produtores tenham deixado a região.

Andrade fala que a pecuária é uma atividade praticada por 80% dos agricultores familiares dos assentamentos. Com a morte do capim a região começa a sofrer impacto econômico. Ele explica que protocolou na Prefeitura de Peixoto de Azevedo um relatório informando a atual situação da morte das pastagens e pede providências para o município, no auxílio aos produtores rurais. “Estou sugerindo uma linha de crédito para atender os produtores que não tem condições econômicas e tecnológicas para solucionar o problema”, enfatiza Itamar.

O pesquisador da Empaer, Francisco Ildefonso da Silva Campos, relata que em Mato Grosso a morte da brachiaria foi registrada em 1993, no município de Mirassol D’Oeste. Ele acredita que as causas da morte do capim podem estar relacionadas com o empobrecimento e esgotamento do solo (falta de calcário e adubo), ataque das cigarrinhas das pastagens, percevejo castanho e alta incidência de fungos. “A terra é utilizada há dezenas de anos sem ter recebido nenhum tipo de adubação”, destaca Francisco.

Na região Norte, o pesquisador avalia que pode estar acontecendo o ataque dos fungos Rhizoctonia solani, Fusarium e o mais agressivo Phytium que ataca o capim e mata. Outro problema comum é a compra de sementes sem certificação e procedência. Existe uma cultivar que foi lançada há mais de 10 anos no mercado e não é resistente a cigarrinha das pastagens e considerada menos produtiva. O Estado possui 26 milhões de hectares de pastagens cultivadas e 5 milhões de hectares de pastagens degradadas. O pesquisador acredita que somente por morte súbita de brachiaria, Mato Grosso passa dos 2 milhões de hectares. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) estima que uma área de 2,23 milhões de hectares, o que equivale a 8,6% da área total de pastagens do Estado, foi afetada.

Entidades de pesquisas já se uniram para discutir o assunto. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), realizou em 1999, pesquisa nas regiões Leste e Nordeste de Mato Grosso, comprovando que a causa é associada a processos de degradação em função do uso contínuo. O estresse hídrico na região provocado por distúrbios climáticos pode ser considerado a principal causa da morte de pastagens de brachiaria.

A pesquisa da Embrapa conclui que o estresse hídrico teve efeito mais drástico em pastagens velhas em uso contínuo que não sofreram nenhum tipo de manutenção e sujeitas ao ataque de pragas e doenças. Qualquer tratamento que promova o aumento do vigor das plantas, tais como recuperação da fertilidade e aumento da capacidade de infiltração de água dos solos pode reduzir o efeito negativo.

Para confirmar a morte das pastagens em Peixoto de Azevedo e Matupá, o pesquisador Francisco, fará a análise do solo para confirmar as causas e indicar o manejo correto para recuperação. Campos esclarece que foi encaminhado um projeto para o Ministério da Ciência e Tecnologia/Finep para estudar a morte das brachiarias em sete regiões leiteiras, em áreas de pequenos produtores. O projeto envolve pesquisadores da Embrapa, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) a fim de quantificar as áreas de pastagens e espécies no Estado, transferência de tecnologia e outros.




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