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Segunda, 28 de junho de 2010, 11h28
Torcida calada

População de Alto Araguaia se sente reprimida pela PM nas comemorações dos jogos do Brasil


Para comerciantes, faltou a prática de gerenciamento de crise para a PM durante a comemoração do primeiro jogo do Brasil que generalizou a todos, proibindo a manifestação dos torcedores.

 
Aline Bassanesi
Redação PlantaoNews
Alto Araguaia-MT
Alberto Romeu/Editoria

A população da cidade de Alto Araguaia (423 km de Cuiabá) está apreensiva quanto as comemorações após os jogos da Seleção Brasileira, desde a confusão formada entre a Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal – PRF - e torcedores na comemoração na vitória do Brasil contra Costa do Marfim (3x1) em 20 de junho. Os abusos de um grupo de torcedores bem como os excessos da PM que utilizou de armamento pesado e bombas de efeito moral fizeram com que os araguaienses ficassem reprimidos, transformando o local numa praça de guerra, mesmo diante de famílias e crianças.

Comemoração de torcedores de Alto Araguaia durou pouco tempo no jogo de estréia da Seleção Brasileira. PM e PRF agiram de forma generalizada contra todos, por conta de um grupo de arruaceiros.

No último jogo, na sexta-feira, 25 de junho, Brasil x Portugal, apesar do placar (0x0) os torcedores foram “confinados” em um local da cidade e a PM proibiu carreatas pelas ruas centrais. Situação não diferente ocorre hoje, com a apreensão de que a Polícia Militar poderá repetir a conduta.


Segundo o coronel Cesar Ribeiro, comandante da unidade local, o que aconteceu em Alto Araguaia, diz respeito ao crime ambiental, porque está relacionado à poluição sonora, pois há proibição do uso de motos com escapamento alterado. “Muitos condutores de motocicletas retiram o miolo do escapamento para fazer aquele barulho ensurdecedor”, aponta o coronel. Por esse fato dezenas de motos foram guinchadas em meio a carreata. Em relação a o tipo de reação que a Polícia teve em atirar balas de borracha e gás de pimenta, o coronel explica que isso é apenas o trabalho da PM, intervir pela segurança da população. De acordo com ele, foi solicitado um reforço de policiais de Rondonópolis e haverá rigor contra as carreatas sendo proibido pessoas em cima de carrocerias, dependurados em janelas dos veículos e motos com o escapamento alterado.


Tentando minimizar o quadro instalado entre torcedores e a Polícia Militar a prefeitura de Alto Araguaia montou um telão na Praça das Bandeiras às margens do Rio Araguaia (conhecido como Praia e afastado da área central) para que a torcida pudesse acompanhar o jogo do Brasil x Portugal e fazer sua festa estritamente naquele local. A estrutura, com barracas para venda de bebidas e local confinado para a entrada de carros com som não agradou aos torcedores e prejudicou os comércios instalados em várias ruas da cidade e principalmente na avenida principal Carlos Hugnei, e praça da matriz, pontos naturalmente preferidos para as comemorações da população. Apesar de identificada como “avenida”, a via é na verdade um trecho da BR 364 que liga Mato Grosso a Goiás, divisa entres os municípios e corta as cidades de Alto Araguaia e Santa Rita do Araguaia.
Mas a iniciativa de estabelecer a “Praia” como ponto de comemoração pouco adiantou na opinião do Junior Costa. “A torcida até que estava animada, mas não como nos outros jogos. Acho que o que aconteceu no jogo com a Costa do Marfim fez com que a população se reprimisse e não se divertisse como antes”.


Uma pequena parcela da população foi a praça assistir o último jogo (Brasil e Portugal), muitos torcedores assistiram em casa, ou em alguns bares da cidade. No decorrer do jogo os policiais fizeram ronda em comboio com seis viaturas pela cidade, numa demonstração de autoridade. No término do jogo muitos torcedores voltaram para casa ou para o trabalho. Não houve carreata e nem comemoração com som, buzinas ou diversão como nos jogos passados.


O torcedor Rogério Rodrigues acredita que essa pequena parcela de torcedores nas ruas foi uma forma de mostrar que a população se sentiu reprimida com as exigências da PM. Ele ainda ressalta que o horário do jogo também influenciou, já que, muitas pessoas tinham que retornar ao seu trabalho após a partida. Mas para ele o que mais contou foi a atitude da PM.
A forma de intervenção da polícia como forma de segurança com tiros, fez todo mundo sair correndo e se atirando ao chão, diz Braúlio Vasconcelos. “Eu mesmo fui correr, tropecei em uma vala e machuquei a perna e o joelho” detalha o morador de Alto Araguaia. O universitário Douglas Short ressalta que a polícia quis se aparecer demais, “isso é uma movimentação nacional, e a polícia está indo contra a cultura da população. A polícia só toma essas atitudes em datas comemorativas como, Carnaval e Copa do Mundo. O trabalho da polícia é prender ladrão, bandido e não acabar com a diversão da população”.

O que se nota é que as ruas de Alto Araguaia perderam o brilho das comemorações a favor do Brasil. As vuvuzelas pararam de tocar e o grito dos torcedores foi abafado. Alguns dizem que foi pela atitude recriminada da PM e outros dizem que foi pelo pequeno placar do jogo. Hoje o Brasil entra em campo mais uma vez poderá se saber o que levou a população de Alto Araguaia a se calar.
Diante das criticas da população e de comerciantes que foram prejudicados com a ação da Polícia Militar – que contou com a participação da PRF o coronel César pediu que a população saiba se divertir com consciência. Por sua vez, os torcedores esperam que a PM e a PRF apliquem melhor as praticas de gerenciamento de crises. “A avenida é mais da população de Alto Araguaia que dos caminhoneiros que passam por aqui. Então, por consenso, deveria-se escolher uma área no centro da cidade e não afastado como a Praia, e onde a população normalmente comemora seus eventos, que já são tão poucos” – aponta e sugere o servidor público Nabson Pires. E, adverte: “Até porque, caminhoneiro também parou para assistir o jogo e certamente não estará apto a dirigir’.

A Coordenadoria de Comunicação da Polícia Rodoviária Federal em Mato Grosso informou à redação do plantãonews em Cuiabá que atendeu a um pedido da Polícia Militar para atuar no dia do jogo do Brasil e diante dos fatos relatados pelos policiais que participaram do primeiro jogo do Brasil, foi inclusive solicitado reforço da unidade de Rondonópolis.




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