Defensoria Pública de Mato Grosso une família que estava separada há mais de 40 anos

A história começou quando o senhor Simplício Siqueira, de 82 anos, morador da cidade de Cláudia (distante 620 km ao Norte da Capital) foi procurar atendimento na Defensoria Pública do município para tentar reaver o pagamento de uma dívida. Lá, ele foi de pronto atendido pelo Defensor Público Diogo Madrid Horita, responsável pelas Comarcas de Cláudia e Marcelândia. Conheci o Sr. Simplício logo no meu primeiro dia de trabalho. O encontrei na porta do Fórum com os pés descalços, trajando roupas velhas e empurrando uma bicicleta igualmente velha. Ele me viu e foi logo perguntando se eu era da Justiça, foi aí que me apresentei como Defensor Público. Logo ele passou a relatar que tinha um crédito para receber e tava tendo dificuldades para reaver a quantia via judicial, relembra.

Com o caso nas mãos e comovido com a situação de seu assistido, Diogo Horita iniciou as investigações acerca do devedor junto aos moradores da região. Descobriu que a situação econômica do investigado também estava difícil e que o senhor Simplício não era o único para o qual devia. O Defensor foi informado, ainda, que o devedor, além de ignorar os chamados do Fórum, simplesmente fugia do Oficial de Justiça. “Minha idéia inicial, conhecedor da tese institucional da Defensoria Pública sobre o superendividamento, era ajudar tanto o assistido a receber a dívida, quanto o devedor a acertar com seus credores, explicou Horita.

Ocorre que, na busca pela solução do problema, o Defensor, sensível à condição, percebeu que Simplício queria reencontrar sua família, pois temia não reencontrá-los em tempo diante de sua idade avançada. “Saí da casa dos meus pais ainda novo, morávamos no interior de São Paulo e fui tentar a vida no Estado do Paraná. Acabei fixando residência em Cláudia (MT), longe de todos os meus parentes, que hoje nem sabem se estou vivo, desabafou Simplício.

Nessas condições, o Defensor não mediu esforços e buscou por meios legais o contato com parentes do assistido vindo a encontrar uma irmã chamada Irene em Birigui-SP. Após contato telefônico, o Defensor relata, foi com muito entusiasmo que voltei à Vila buscar o assistido para que entrasse em contato com sua irmã por telefone após 40 anos sem notícias da sua família, foi uma atuação extremamente gratificante unir uma família e ficará entalhada na minha vida, disse Horita.

“Foi uma alegria ouvir a voz do meu irmão que para nós já estava morto no Paraná. Já perdemos nossa mãe e um outro irmão, e ficamos felizes demais por termos notícias dele e saber que está com vida, comemorou Irene.