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Nacional
Domingo, 20 de agosto de 2017, 20h09

Inpa encerra com sucesso força-tarefa para levar 12 peixes-bois para um lago de readaptação


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Nesta quinta-feira (17), o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa/MCTIC) encerrou com sucesso o deslocamento de 12 peixes-bois, o equivalente a quase duas toneladas, dos tanques do Instituto, em Manaus (AM), para um lago de readaptação, na área rural de Manacapuru. A força-tarefa, que durou três dias, translocou sete fêmeas e cinco machos.

Esta foi a maior operação empreendida pelo Inpa para a translocação dos mamíferos do cativeiro para o semicativeiro. Nas translocações anteriores eram levados de três a cinco animais. O objetivo é permitir a readaptação gradual à natureza para que voltem a viver nos rios da Amazônia. Ameçada de extinção, a espécie apresenta condição vulnerável. Seu comportamento dócil favorece a ação dos caçadores.

“Os resultados positivos da readaptação desses mamíferos no semicativeiro permitiram que se elevasse o número de translocações dos animais do cativeiro no Inpa para um lago que apresenta as condições ideais para a readaptação dos peixes-bois”, diz o responsável pelo Programa de Reintrodução de Peixes-bois da Amazônia, o biólogo Diogo Souza.

Apoio

Situado na Fazenda Seringal 25 de Dezembro, conhecida popularmente como ramal do Calado, no quilômetro 74 da zona rural de Manacapuru, o lago de 13 hectares (equivalente à área do Bosque da Ciência do Inpa) serve de semicativeiro como apoio aos trabalhos de readaptação dos animais.

As fêmeas Piracauera, Janã, Mana e Naiá, translocados nesta quinta-feira (17), se juntaram às fêmeas Adana, Baré, Aiyra e Caburi (macho), translocados na quarta-feira (16), além de Itacoati, Orebe, Gurupá e Rudá, os primeiros machos que foram levados na terça-feira (15), totalizando um peso de 1.800 quilos. Até um guincho foi usado na retirada dos animais.

 

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Vivendo em média dez anos nos tanques do Inpa, os animais eram alimentados artificialmente com fórmula láctea (em mamadeiras para os filhotes), plantas aquáticas, como capim membeca e mureru, e suplementados com verduras. Agora, terão a oportunidade de conviver com outras espécies (peixes e quelônios) e buscar seu próprio alimento (plantas). O lago abriga, atualmente, 22 indivíduos que estão em processo de readaptação à natureza.

Os trabalhos foram executados por pesquisadores, veterinários, tratadores, biólogos e técnicos do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA/Inpa) e fazem parte do Programa de Reintrodução de Peixes-bois da Amazônia, coordenado pela pesquisadora Vera Silva. Conta com o apoio do Projeto Museu na Floresta, uma parceria entre o Inpa e a Universidade de Kyoto, no Japão.

Monitoramento

O próximo passo é o monitoramento por um período de um ano dos animais para avaliação das condições físicas para então serem devolvidos definitivamente para os rios. “Vamos continuar os trabalhos de monitoramento dos peixes-bois, no semicativeiro, onde no mês de outubro uma equipe ficará dez dias para recapturar os animais para avaliação das condições clínicas (pesagens e coleta de sangue e fezes)”, diz o biólogo. “No semicativeiro, os animais têm conseguido explorar o ambiente para encontrar alimento, aumentando de peso e crescido no comprimento”, acrescenta Souza, que é mestre em Biologia de Água doce e Pesca Interior pelo Inpa.

Em 2011,foi adotada a etapa de semicativeiro nos trabalhos de reintrodução à natureza dos peixes-bois da Amazônia. Anteriormente, em 2008, quando os trabalhos iniciaram, as reintroduções eram feitas diretamente do cativeiro para o ambiente natural, porém, os resultados apontaram que os animais tiveram dificuldades de se readaptarem.

Plantel atual

Com a saída dos 12 mamíferos para o semicativeiro, o plantel do Parque Aquático Robin C. West/Inpa diminuiu de 64 peixes-bois para 52, a maioria com potencial para ser devolvido à natureza. O Inpa recebe em média de oito a dez filhotes, por ano, resgatados de caças ilegais.

Os animais que vivem no cativeiro em média dez anos são selecionados para a etapa de translocação para o semicativeiro, onde permanecem de um a três anos e são acompanhados semanalmente pela equipe do LMA, que avalia o processo de readaptação. Os mais aptos são fortes candidatos para serem devolvidos defintivamente para a natureza, além dos indivíduos jovens por terem passado menos tempo no cativeiro.

Soltura

As duas últimas solturas (2016 e 2017) foram realizadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, no baixo rio Purus, no município de Beruri (a 173 quilômetros de Manaus), onde foram reintroduzidos nove peixes-bois. A próxima soltura (a terceira) está prevista para o início de 2018.

Sobre o peixe-boi

Endêmico da região amazônica (só ocorre nos rios de água doce da bacia amazônica), o peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis) vive em média 45 anos, chegando a pesar 450 quilos e medir até 3 metros. É um herbívoro que se alimenta de capins e plantas que nascem na água, como mureru, canarana e capim membeca.

O peixe-boi da Amazônia tem um papel importante no ecossistema aquático, como transformar essa biomassa vegetal em partículas menores para outros organismos. As fezes e a urina do peixe-boi servem de adubo para as plantas e alimentos para diversas espécies de peixes.

São animais de hábito solitário e só começam a se reproduzir aos oito ou dez anos de idade, a cada quatro anos, na época da seca. A gestação da fêmea dura quase 12 meses e nasce apenas um filhote por gestação. 




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