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Nacional
Segunda, 23 de maio de 2011, 10h38

Comandante diz que barco estava inclinado antes de deixar o cais


Ele disse ter pedido a passageiros para mudar de lado, para 'compensar'.
'Foi tudo muito rápido', afirmou; oito pessoas permanecem desaparecidas.

O comandante do barco que naufragou neste domingo (22) no Lago Paranoá, em Brasília, Ayrton Carvalho da Silva Maciel, disse que a embarcação estava inclinada para a esquerda quando deixou o cais. Em depoimento à polícia, ele afirmou que pediu aos passageiros para irem para o outro lado, “para compensar”.

Oito pessoas estão desaparecidas. Os bombeiros fazem buscas com 25 mergulhadores. Até as 10h40, havia apenas uma morte confirmada, de um bebê de seis meses.

O acidente aconteceu por volta das 21h de domingo, e as primeiras buscas seguiram até cerca de 2h desta segunda (23). Quando ocorreu o naufrágio, era realizada no barco uma festa organizada por um buffet. Há informações de que mais de 100 pessoas estavam no barco, mas não há um número exato porque algumas pessoas podem ter entrado no barco sem convite para a festa.

"Observei na saída que estava mais para o lado que afundou, para a esquerda. Orientei o pessoal a ficar um pouco mais à frente, à direita, para ela equilibrar, para o barco compensar. Foi o que fizemos”, declarou o comandante Maciel.

“Aí encheu um pouco de água, não o suficiente para acontecer isso o que aconteceu. Foi tudo muito rápido”, disse em depoimento.

Ele disse à polícia que fez uma vistoria de rotina na embarcação antes de começar a navegar e foi até a sala de máquinas várias vezes durante a viagem.

O comandante negou que o barco tivesse sido atingido por uma lancha menor, que acompanhava a festa no lago, como relataram algumas das pessoas socorridas.

A polícia já abriu um inquérito para investigar as causas do acidente e porque foram resgatadas mais pessoas do que havia na lista.

Buscas

As buscas pelos desaparecidos foram retomadas por volta das 6h desta segunda. De acordo com os bombeiros, 94 pessoas foram resgatadas na noite de domingo (22).

“As equipes que começaram o resgate ontem retomaram a operação agora (manhã de segunda). Já temos um barco para avaliar a situação, vamos fazer uma varredura para ter uma ideia melhor da situação”, disse o major Adriano Azevedo, chefe da operação.

“Hoje o dia é de buscas. Ontem (domingo), o resgate das 94 pessoas foi complicado em razão do frio e da iluminação precária. Os civis que tinham embarcações auxiliaram no trabalho dos bombeiros”, relatou major Azevedo.

Neste domingo, 25 mergulhadores participaram do resgate. Um helicóptero também foi utilizado.

O Hospital de Base e o Hospital Regional da Asa Norte, para onde foram levadas as pessoas que precisaram de atendimento médico, ainda não têm informações sobre o estado de saúde dos resgatados.

Naufrágio

Inicialmente, o Corpo de Bombeiros informou que 104 pessoas estavam a bordo da embarcação. Por volta de 1h desta segunda, o coronel Luis Blumm, do Comando Operacional do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, informou que não era possível dizer o número exato de pessoas a bordo na hora do acidente. “Não recebemos uma lista fechada dos passageiros do barco, por isso não é possível dizer por enquanto quantas pessoas estavam a bordo”, afirmou.

Entre os desaparecidos, está Valdelice Fernandes, de 34 anos, mãe do bebê de seis meses que morreu afogado no acidente. De acordo com o Blumm, o bebê foi retirado da água pelos bombeiros e recebeu massagem cardíaca, mas não resistiu e morreu na margem do lago.

Causas do acidente

O delegado da Marinha Fábio Rogério Leite Sousa afirmou que abriu um inquérito administrativo para apurar as causas do acidente. Ele disse que há indícios de que havia excesso de passageiros. Segundo ele, a embarcação tinha capacidade para 90 pessoas.

Outra hipótese que poderia ter provocado o acidente é um suposto choque da embarcação com uma lancha.

Sousa disse ainda que os documentos da embarcação estavam em dia. O delegado não soube dizer, com certeza, de onde a embarcação partiu. Em nota, a Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade) informou que o barco se chamava Imagination, que era de propriedade particular e que teria saído do clube Cota Mil.

Relatos de vítimas

Antes de prestar depoimento na 10º Delegacia de Policia de Brasília, o comandante do barco, Airton da Silva Maciel, de 28 anos, disse à TV Globo que a embarcação passava por reformas. Ele afirmou que, frequentemente, se dirigia à casa de máquinas para checar se havia infiltração de água. Em uma dessas vistorias, ele disse que verificou a água entrando rapidamente. Em seguida, o barco começou a virar.

Parte dos ocupantes da embarcação recebeu os primeiros socorros no clube Ascade, que fica perto do local do acidente.

Por volta das 23h15 de domingo, algumas vítimas resgatadas começaram a deixar o clube. Uma das primeiras vítimas a deixar o local após receber os primeiros socorros, Jéssica Yvi, de 22 anos, disse que o barco começou a virar rapidamente. "Estávamos lá e, de repente, uma mulher pediu para todos irem para a frente do barco. Ele [o barco] foi virando e afundando", afirmou.

Magno Moreira, de 22 anos, contou que a festa era paga, com entrada a R$ 60, e tinha bebida liberada. “Uma hora depois de entramos no barco, fui ao banheiro e vi que começou a subir água. Logo depois, em dez minutos, a embarcação virou e afundou. Eu não sei nadar e me apoiei em um pedaço do barco que ficou para fora [da água]", contou. De acordo com o jovem, havia cerca de 20 de coletes salva-vidas na embarcação.

Há um ano

Há exatamente um ano, o naufrágio de uma lancha no Lago Paranoá resultou na morte de duas irmãs, que não sabiam nadar. A perícia indicou que a superlotação provocou o naufrágio da lancha. Com capacidade para seis pessoas, a embarcação levava 11 passageiros na hora do acidente. O piloto, José da Rocha Costa Júnior, foi indiciado por homicídio culposo.




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