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Quinta, 01 de agosto de 2002, 15h43

Congresso internacional sobre hanseníase começa dia 4


O Brasil sediará, de 04 a 09 deste mês, no Carlton Bahia Hotel, em Salvador, o 16º Congresso Internacional de Hanseníase. Este importante evento conta com o apoio da Associação Internacional de Hanseníase, Ministério da Saúde do Brasil, Federação Internacional das Agências Anti-Hanseníase e Organização Mundial da Saúde.

O Congresso será palco de trocas de experiências entre os países participantes. O Brasil, por exemplo, vai detalhar importantes avanços na luta contra a hanseníase, como a redução de 85% na taxa de prevalência da doença, que passou de 17 para 4,6 casos por 10 mil habitantes entre 1985 e 2000. Em 2001, os índices continuaram caindo, chegando a 3,8 por 10 mil.

As sucessivas reduções nas taxas de prevalência resultam, em grande parte, do trabalho preventivo das equipes do Programa Saúde da Família (PSF) e dos agentes comunitários de saúde. As visitas de rotina às comunidades, feitas por estes profissionais, permitem também a identificação precoce de sinais da doença e o encaminhamento para o diagnóstico e tratamento. Hoje, o Brasil tem registrados cerca de 77 mil portadores de hanseníase.

Outro experiência brasileira a ser apresentada no congresso é o Plano Nacional para Eliminação da Hanseníase. Lançado em novembro do ano passado, tem orçamento de 18 milhões em 2002 e faz parte do compromisso brasileiro, assumido em 1999, de eliminar a hanseníase como problema de saúde pública até 2005, o que significa alcançar o índice de menos de um doente por 10 mil habitantes. O Plano inclui, além da prevenção, a distribuição gratuita, pelo Ministério da Saúde, de medicamentos aos portadores da doença.

O primeiro Congresso Internacional de Hanseníase ocorreu no fim do século 19. Entretanto, segundo Marcos da Cunha Lopes Virmond, presidente do comitê organizador, nossa responsabilidade é maior ainda ao reconhecermos que nossos conhecimentos, hoje, sobre a hanseníase diferem pouco, em termos gerais, do que foi discutido em Berlin em 1897. Talvez, neste período, a maior conquista tenha sido o advento de um tratamento eficaz e o reflexo que isto trouxe ao conceito de cura e à desmistificação da hanseníase enquanto praga, castigo e flagelo.

Para o ministro da Saúde, Barjas Negri, acresce-se a isso a importante iniciativa de criação da Aliança Global, que tem por objetivo mobilizar os 12 países que ainda têm a hanseníase como endemia para o impulso final rumo à eliminação desta doença, reunindo para tanto diversos parceiros. Atualmente, o Brasil é o país que preside essa Aliança.

Desde a última vez em que o Congresso aqui se realizou, em 1963, muitos avanços foram registrados, entre os quais cabe destacar a simplificação das técnicas de diagnóstico e a introdução da poliquimioterapia, que significam hoje, depois de quase 40 anos, possibilidades reais de eliminação da hanseníase como problema de saúde pública até o ano 2005.

Segundo Maria Neira, da Organização Mundial da Saúde, ao mesmo tempo, modificações nos cenários político, econômico e social em muitas áreas afetadas pela hanseníase acarretam novos e pesados encargos para as áreas de saúde dos governos: verbas limitadas e outros sérios problemas na área da saúde. Adicionalmente, existem grandes desafios a serem enfrentados na modificação da imagem negativa da hanseníase e para assegurarmos que nenhum indivíduo sofrerá discriminação devido ao fato de ser ou de ter sido portador da doença. As argumentações e recomendações dos participantes do Congresso serão de grande valor e respeito destes assuntos.

Ao longo da história, os doentes têm sido banidos da sociedade - e até por suas famílias. Não é uma doença hereditária, e sim uma infecção crônica, causada pelo bacilo de Hansen - Mycobacterium leprae. Esse bacilo multiplica-se muito lentamente, e o período de incubação da doença é de, aproximadamente, cinco anos. Apesar do temor que provoca, a hanseníase não é altamente contagiosa, como pensam algumas pessoas. Ela se transmite por meio de gotículas de saliva ou de secreção nasal, durante um contato íntimo e freqüente com infectados. A doença afeta a pele e os nervos periféricos. Quando não é tratada, há danos progressivos e permanentes à pele, nervos, membros inferiores e superiores, e olhos.

Significativos progressos foram alcançados desde a resolução da Assembléia Mundial da Saúde (1991) de eliminar a hanseníase até o ano 2000. Nos últimos 15 anos, cerca de 10 milhões de pessoas foram curadas da hanseníase, a prevalência diminuiu em 85%, alcançando taxa de 1,4 por 10.000 habitantes, e a hanseníase foi eliminada em 98 países. No final de 1998, havia 820.000 casos registrados no mundo e, durante o mesmo ano, foram detectados 70.000 casos novos. O progresso obtido vai além da simples estatística - o alívio da dor e sofrimento humano é incomensurável.



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