Quinta, 05 de setembro de 2002, 18h23
Situação do Adauto Botelho poderá ser discutida na Justiça
O CRM-MT – Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso e a Associação Mato-grossense de Psiquiatria discutirão a situação do Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Uma audiência com o presidente e corregedor do órgão foi solicitada pelas entidades há mais de uma semana. A Associação Mato-grossense de Psiquiatria denunciou o problema ao Ministério Público no mês de julho.
“No Adauto Botelho estão sendo internados detentos de alta periculosidade, o que oferece risco a pacientes e servidores”, disse Serafim Domingues Lanzieri, presidente do Conselho. O presidente informou que o atendimento psiquiátrico em Mato Grosso debatida em plenária temática realizada ano último dia 20.
A análise da situação motivou a deliberação pelo encaminhamento do assunto às autoridades judiciárias, da área de segurança e saúde do Estado. “Mato Grosso não possui manicômio judiciário, mas a situação nunca foi tão dramática. O aumento da violência é uma das causas”, afirmou Lanzieri.
A maioria maciça dos profissionais psiquiatras do Estado participaram da plenária. Durante o evento, realizado no CRM-MT, O diretor do Adauto Botelho, Dr. Zanizur Rodrigues da Silva, pediu ajuda. Disse que a situação no hospital é de urgência.
“Não há leitos, pessoal e os remédios ministrados são da década de 1950. Além disso, a Secretaria de Justiça “enfia” presos dentro do hospital. Virou manicômio judiciário. Já chegamos ao cúmulo de ter 30 leitos e 27 presos de alta periculosidade.”
O diretor disse também que todos trabalham sob tensão. “Estou com medo. Estamos sendo ameaçados. Hoje temos uma população de 56 pacientes e 19 deles são presos. Mandamos ofício para as entidades e nada acontece. Quando o último preso chegou liguei para o juiz que determinou sua internação e ele mandou-me dopar o paciente.” Este preso, conforme o diretor, decapitou quatro pessoas e ameaça constantemente os funcionários e pacientes do hospital.
“Este é um quadro que não pode continuar sem uma atitude por parte do Estado”, afirmou Serafim Lanzieri.