Terça, 07 de janeiro de 2003, 10h14
Panificadoras de SP têm ampliação nos financiamentos
O financiamento das padarias tem potencial de crescimento de 100% para este ano, o que levaria o volume emprestado à casa dos R$ 10 milhões. A estimativa é de João Ricardo Gomes das Neves, diretor-presidente da Seven , empresa que coordena o Isopan, programa de crédito das panificadoras, criado pelo Sindipan (Sindicato dos Industriais de Panificadoras e Confeitarias do Estado de São Paulo) .
Segundo João Ricardo, não seriam necessários milagres ou reviravoltas para atingir a meta de crescimento. Não é preciso que se crie novas linhas de crédito. Basta que elas não funcionem aos trancos e barrancos como acontece hoje, explicou.
Ele se refere à demora de aprovação do crédito dos projetos, que muitas vezes ficam emperrados nos bancos repassadores, ou no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Às vezes a linha está fechada, apesar de eles negarem, e não é dada nenhuma explicação para o atraso, comenta. O problema, de acordo com João Ricardo, é que nesse meio tempo, muitas empresas “sujam” seu nome, quebram ou acabam recorrendo a agiotas para saldar dívidas.
Capital de giro, o problema
Quando o empréstimo é para financiamento de investimento é possível adiar o projeto por alguns meses, mas quando a necessidade é de capital de giro, muitas empresas não resistem.
João Ricardo critica também a incoerência no critério de avaliação de crédito.
De acordo com ele, o Isopan já submeteu projetos idênticos à aprovação dos bancos e foram atribuídas notas de classificação de risco distintas. Projetos iguais tiveram nota B e D, por exemplo. Quando a empresa recebe um D, ela precisa esperar 180 dias para pedir crédito novamente de linhas oficiais, esclarece.
Bancos privados
Além de garantir o funcionamento regular da linha, o Isopan propõe maior participação dos bancos privados nos repasses de recursos e mudança de classificação dos portes de empresa.
Segundo o coordenador do Isopan, os bancos privados têm uma participação muito tímida no repasse de recursos do BNDES para pequenas empresas.
Além disso, somente os bancos do governo, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal , têm autorização para repassar as linhas do Proger (Programa de Geração de Emprego e Renda), que contam com recursos do FAT (Fundo Amparo ao Trabalhador). Quanto mais instituições participassem, maior seria a capilaridade, disse.
O que é pequena empresa?
Outro problema é a classificação de pequena empresa, segundo João Ricardo. Os critérios usados enquadram empresas diferentes na mesma categoria de micro e pequena.
Com R$ 50 mil, um chaveiro compra o negócio de outro chaveiro; já para uma panificadora ou restaurante, esse valor pode ser insuficiente para a compra de um único equipamento, explica. Isso é algo que o governo tem que mudar se quiser fazer as empresas crescerem, completa.
João Ricardo diz que essas propostas serão levadas ao novo governo e que a expectativa de aceitação é positiva. Parece que o governo Lula tende a contemplar com foco mais forte as microempresas. Dependerá de vontade política, comentou.
O Isopan foi criado pelo Sindipan para facilitar o acesso das panificadoras às linhas de crédito para investimento e capital de giro. O convênio está firmado com a Caixa Econômica Federal, instituição que libera os recursos pretendidos.
Nesse ano, mais de 300 panificadoras, restaurantes e mercadinhos tiveram acesso a crédito no valor total de R$ 5 milhões.
Linhas de crédito
O Proger é uma das linhas de crédito para investimento disponibilizadas pelo convênio do Isopan com a Caixa.
O teto de financiamento é de R$ 50 mil, o encargo é de TJLP (Taxa de Juro de Longo Prazo), atualmente em 10%, mais 5% de juros ao ano e o prazo de 48 meses.
Para quantias maiores existe o Finame, com repasse de recursos do BNDES. A taxa de juro é a mesma do Proger, mas o prazo de pagamento sobe para 60 meses.
Para capital giro, a linha oferecida é o GiroCaixa com limite máximo de R$ 100 mil por operação, prazo de 24 meses e taxa de 2,5% ao mês, além de TR (Taxa Referencial).
O Isopan possui 54 empresas fornecedoras credenciadas para vender as máquinas, fornos, equipamentos, utensílios, aparelhos de informática, além de material de construção para a reforma das panificadoras.
Segundo Sérgio Covizzi, que também trabalha na coordenação do Isopan, quando os empréstimos não estão emperrados o crédito de giro costuma ser aprovado em 10 dias, o Proger em 25 dias e o Finame em menos de dois meses, após a entrega da documentação e orçamentos.