Sexta, 17 de janeiro de 2003, 08h36
Empresas poderão implantar mega projeto de psicultura em MT
A Com a previsão de investimentos entre US$ 5 milhões a US$ 7 milhões duas empresas, brasileira e holandesa, devem iniciar um projeto de produção em cativeiro de seis mil toneladas/ano de pirarucu (o maior peixe da Bacia Amazônica) em Mato Grosso.
Se implantado, será o maior projeto de piscicultura do mundo ocidental
como está sendo avaliado pela empresa brasileira Projeto Pacu, especializada em tecnologia de produção de peixes, e a holandesa Nijvis. Os empresários se reuniram com o governador Blairo Maggi e os secretários de Estado de Agricultura, Homero Pereira; Meio Ambiente, Moacir Pires; e Indústria e Comércio, Alexandre Furlan, na tarde desta quinta-feira para conhecer detalhes da legislação ambiental e da política de incentivos fiscais de Mato Grosso.
O diretor da Projeto Pacu, empresa com sede em Mato Grosso do Sul, Jaime Brum, afirmou que a viabilidade de o projeto ser implantado no Estado é grande.”Mato Grosso tem um cenário muito favorável para a implantação do projeto. As cidades de Lucas do Rio Verde, Campo Verde e Primavera do Leste estão sendo sondadas para sediar a criação de pirarucu em cativeiro. A prospecção da área está bastante avançada e, dentro de 60 a 90 dias, devemos definir o projeto”, assegurou o empresário.
O secretário de Indústria e Comércio, Alexandre Furlan, disse que a função do Governo, diante do interesse dos empresários, é ser “interlocutor e facilitador do processo de implantação do projeto, evitando os entraves burocráticos, desde que se cumpra a legislação”. O Governo do Estado, segundo Furlan, pode oferecer a logística necessária para a instalação da nova empresa por aqui. “Os investidores não precisam do Governo para se instalar e sim do nosso apoio logístico. A tônica do Governo, neste caso, é propiciar as condições para que a empresa se instale e tenha lucro com a sua produção”, considerou o secretário.
Mercado Europeu – De acordo com o diretor da Nijvis, Jacob Elenbaas, há muitas possibilidades de venda do pirarucu no mercado europeu. “A carne deste peixe da Bacia Amazônica é similar a carne de bacalhau, produto que é cada vez mais escasso nos países europeus”, explicou. A Nijvis detém 55% do mercado europeu e 25% do mercado holandês na comercialização de enguias produzidas com alta tecnologia voltada para a preservação ambiental.
A Projeto Pacu atua há 15 anos na reprodução de peixes em cativeiro e é responsável pelo desenvolvimento da criação do pintado em cativeiro, carne que tem alto valor no mercado internacional, atualmente. O diretor da empresa sul mato-grossense disse que no Brasil já existem mais de 4 mil criadores de pintado.
A piscicultura no Brasil, apesar do potencial creditado pela FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação com as melhores condições climáticas e aquáticas para a produção de peixes, não chega a 1% da produção chinesa. “A produção de pirarucu, por exemplo, é de cerca de 5 mil toneladas/ano”, contabilizou Jaime Brum.
Entre as vantagens de Mato Grosso para a implantação do projeto apontadas pelos empresários da joint venture está o perfil do Governo Blairo Maggi. “Este Governo vai olhar para o agronegócio com mais atenção. É mais fácil trabalhar com alguém que é deste negócio. Mas, isso não significa que queremos ter concessões”, ressaltou Brum.